X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

PARALISIA HIPERCALEMICA SECUNDARIA: RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

A paralisia hipercalêmica secundária é uma apresentação atípica e pouco frequente da hipercalemia, condição comum, potencialmente fatal, necessitando de um alto grau de suspeição clínica para diagnóstico.

Objetivos

Demonstrar a importância do diagnóstico precoce da hipercalemia, situação potencialmente fatal com apresentação atípica devido ao seu prognóstico favorável se instituída terapia adequada precocemente.

Descrição do caso

Paciente, sexo masculino, 56 anos, com quadro súbito de tetraparesia, sem alteração sensitiva ou redução de nível de consciência.
Tinha antecedentes de diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e doença renal crônica estágio II, em uso regular de medicações para controle, dentre elas, espironolactona 300mg divididos em três ingestas diárias.
Apresentava ainda, durante avaliação inicial, bradicardia, disfonia e ptose palpebral, sem presença de sinais focais ou meningismos.
Realizado eletrocardiograma durante admissão para avaliação imediata de possíveis distúrbios hidroeletrolíticos, com presença de ritmo de base juncional, bradicardia com QRS alargado e onda T apiculada difusamente. Presença de elevação do segmento STT em parede inferior, sugestivo de repolarização precoce.
Revisão laboratorial realizada na urgência revelou elevação de níveis séricos de potássio (K+: 8,8 mEq/L) e creatinina sérica de 1.9 mg/dL (compatível com relato de creatinina basal do paciente). Iniciadas então medidas de controle da hipercalemia e realizada também infusão de gluconato de cálcio endovenoso devido às alterações do ECG.
Após cerca de 90 minutos do tratamento, apresentou melhora da gradação da força, evoluindo para força IV/VI em todos os membros e melhora da disfonia. Paciente evoluiu com melhora completa dos sintomas após 12h de internação.
Recebeu alta após o sétimo dia de internação, em boas condições clínicas, sem déficits motores e com normalização dos níveis de potássio (K+: 4,7 mEq/L no momento da alta) após suspensão de espironolactona.

Conclusões/Considerações Finais

A Paralisia Hipercalêmica Secundária possui prognóstico favorável quando o distúrbio hidroeletrolítico é corrigido. Em contrapartida, altas concentrações séricas de potássio expõem o paciente ao risco de arritmias ventriculares malignas, o que torna imperiosa a rápida reversão da hipercalemia. Portadores de doença renal crônica em uso de espironolactona devem ter seus níveis de potássio sérico cuidadosamente monitorados para possibilitar a identificação precoce e o tratamento da hipercalemia.

Palavras Chave

Hipercalemia; Tetraparesia; Paralisia hipercalêmica; Espironolactona; Potássio; Doença Renal Crônica.

Área

Clínica Médica

Instituições

Serviço de Clínica Médica do Hospital João XXIII - Minas Gerais - Brasil

Autores

GABRIEL MIRANDA DE BRITO, Vinícius Vaz de Sales Bicalho, Joice Coutinho Alvarenga, Laysa Oliveira Grossi, Paulo Sergio de Oliveira Cavalcanti, Rafael Vaz de Sales Bicalho