Dados do Trabalho

Título

FALENCIA HEPATICA AGUDA EM ADOLESCENTE APOS A REALIZAÇAO DE ALISAMENTO CAPILAR A BASE DE ACIDO GLIOXILICO

Fundamentação/Introdução

A falência hepática aguda (FHA) é caracterizada pela rápida necrose hepatocelular, razão normalizada internacional (RNI) superior a 1,5 e qualquer grau de encefalopatia no paciente previamente hígido. Entre suas causas destacam-se as infecções virais, uso de medicamentos ou tóxicos, distúrbios metabólicos ou autoimunes. A descrição do presente caso se justifica pelo desafio diagnóstico e alerta ao uso de produtos não registrados na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).

Objetivos

Relatar um caso de FHA após a realização de alisamento capilar a base de ácido glioxílico.

Descrição do caso

Paciente do sexo feminino, 15 anos, atópica importante, nega tatuagens, uso de álcool e/ou medicamentos prévios. Realizou o procedimento de alisamento capilar a base de ácido glioxílico em maio de 2018 no salão de beleza onde trabalhava há 2 meses. Após 30 dias procurou a Unidade de Pronto Atendimento apresentando prurido, icterícia e colúria. Foi diagnosticada com hepatite aguda e encaminhada para propedêutica hospitalar. Os exames laboratoriais admissionais evidenciaram diminuição da função e expressiva lesão hepática. Sorologias para hepatites virais e autoimune negativas. Ultrassom e tomografia abdominal sem alterações. Glicemia, perfil lipídico, metabólico de ferro, cobre e dosagem de alfa-1-antitripsina normais. Após 7 dias de tratamento suportivo na enfermaria a paciente apresentou alargamento do RNI e encefalopatia grau I. Prontamente transferida ao centro de terapia intensiva e inserida no Sistema Nacional de Transplantes, evoluiu com status epileticus, grave edema encefálico, choque séptico e óbito em 6 dias.

Conclusões/Considerações Finais

O ácido glioxílico é utilizado em alisantes capilares como regulador do pH, contudo não há regulamentação de sua concentração. Quando submetido a elevadas temperaturas é degradado em formol, cuja inalação pode causar irritação e até mesmo câncer no sistema respiratório. Excluídas as principais causas da FHA, a frequente inalação do formol e o uso tópico, associada a susceptibilidade da paciente, pode ter provocado hepatotoxicidade por um mecanismo metabólico idiossincrásico ou hipersensibilidade imunomediada. Segundo a ANVISA, produtos como “botox, blindagem, reestruturação, escova progressiva”, cuja aplicação esteja associada ao uso de prancha aquecedora são proibidos por trazer riscos à saúde. Espera-se com o presente estudo contribuir para a segurança de consumidores e profissionais, bem como na elaboração de uma regulamentação específica para o uso de alisantes capilares.

Palavras Chave

falência hepática aguda; hepatite fulminante; ácido glioxílico; alisamento capilar; hepatotoxicidade