Dados do Trabalho

Título

O DESAFIO DIAGNOSTICO DA DISPNEIA NO PRONTO-ATENDIMENTO: UM RELATO DE CASO DE PNEUMONITE POR HIPERSENSIBILIDADE AGUDA

Fundamentação/Introdução

A apresentação clínica de dispneia como queixa principal no pronto-atendimento (PA) é comum e desafiadora, dado o número de diagnósticos diferenciais.

Objetivos

Relatar um caso de Pneumonite por Hipersensibilidade Aguda (PHA) em um paciente que comparece ao PA com dispneia como queixa principal.

Descrição do caso

F.R.A., masculino, 32 anos, deu entrada no serviço com queixa de dispneia iniciada no mesmo dia. Primariamente, ao realizar atividades moderadas em domicílio, mas estava presente ao repouso durante avaliação inicial. Referia náuseas, tosse seca e 1 episódio febril (38.5ºC) desde o dia anterior. Previamente hígido, negava tabagismo ou episódios prévios semelhantes e trabalhava como criador de pombos-correios.
Ao exame físico, apresentava taquicardia (119 bpm), taquipneia (28 ipm), dessaturação em ar ambiente, crepitações pulmonares bilaterais.
Revisão laboratorial com linfopenia (353 células/mm3). PaO2 de 56 (SatO2 85%), em ar ambiente. Proteína C reativa de18,7.
Radiografia de tórax mostrou opacidades reticulares inespecíficas e difusas, mais bem delimitadas em lobo inferior esquerdo. Tomografia computadorizada (TC) de tórax revelou nódulos centrolobulares em vidro fosco com distribuição difusa e espessamento septal em bases pulmonares. Baseado na exposição aos antígenos orgânicos de pássaros e na imagem da TC formou-se o diagnóstico de PHA. Iniciado tratamento com prednisona, inicialmente na dose de 40mg, com reduções mensais até a suspensão com 120 dias. Paciente afastou-se da exposição e houve boa evolução clínica e TC de tórax realizada com 90 dias de tratamento mostrou-se normal.

Conclusões/Considerações Finais

A PHA não é um diagnóstico frequente no PA por se apresentar com sintomas respiratórios inespecíficos. Consiste em uma reação imunomediada a inalação de um antígeno, habitualmente orgânico, com acometimento pulmonar. A doença aguda pode ocorrer por uma exposição a maior quantidade de antígenos, principalmente de aves, animais, grama, ar-condicionado, madeira com mofo.
A dispneia impõe diagnóstico diferencial difícil. Ao médico, é impositivo que tenha método clínico, com anamnese detalhada e exame físico atentos, base da boa prática médica. A solicitação de exames complementares baseados em uma história clínica bem realizada, permitiu o diagnóstico do paciente, o qual obteve alta hospitalar em 2 dias após admissão e posterior completa remissão do quadro.

Palavras Chave

Dispneia, tosse, pneumonite por hipersensibilidade