Dados do Trabalho

Título

CALCIFILAXIA: UM RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

Introdução: A calcifilaxia é um distúrbio raro e grave, mais comumente associado à doença renal terminal, que se caracteriza pela calcificação, fibrose e formação de microtrombos nas arteríolas da derme e tecido adiposo subcutâneo. Essa condição pode levar ao surgimento de ulcerações cutâneas dolorosas e de difícil manejo.

Objetivos

Objetivos: Relatar um caso clínico de calcifilaxia e demonstrar a importância do reconhecimento dessa condição e suspeição clínica para o diagnóstico.

Descrição do caso

Descrição: Paciente E.V.S, 78 anos, sexo feminino, com história de hipertensão de longa data, doença renal crônica não dialítica (creatinina basal 2,28), doença arterial coronariana e obstrutiva periférica grave. Compareceu ao Serviço Médico de Urgência do Hospital Governador Israel Pinheiro em janeiro de 2018, referindo dor intensa em ambos membros inferiores, que piorava à deambulação e aliviava ao repouso. Apresentava úlceras enegrecidas em região aquileana esquerda com surgimento há cerca de 3 meses e que, conforme seu relato, evoluíram a partir de uma mácula arroxeada dolorosa. Foi submetida a Duplex Arterial de membros inferiores, demonstrando estenose significativa em artéria femoral superficial direita, e estenose moderada em artéria femoral direita e artéria poplítea direita. Após alguns dias de internação, foi realizada angioplastia com sucesso parcial, não sendo obtida revascularização em artéria femoral interna.
A paciente evoluiu com analgesia de difícil manejo e progressão das lesões ulcerosas para ambos membros inferiores. Apresentava, ainda, piora da creatinina com necessidade de início de terapia renal substitutiva, além de produto cálcio-fósforo elevado. Optou-se pela realização de biópsia das lesões, que evidenciou fibrose local, neoformação vascular, vasos arteriais com placas ateroscleróticas e múltiplos focos de calcificação, confirmando o diagnóstico de calcifilaxia. A paciente, então, iniciou o uso de sevelamer 4000 mg/dia e, após alguns meses de tratamento, obteve melhora do controle álgico com metadona e morfina. As úlceras ainda persistem, porém tem evoluído com redução gradual a partir dos curativos e cuidados de enfermagem.

Conclusões/Considerações Finais

Conclusão: O diagnóstico de calcifilaxia é definido a partir do exame histológico das lesões suspeitas. O tratamento se baseia especialmente no controle da dor, cuidados locais e no uso de ligantes de fosfato não contendo cálcio, como o sevelamer. O prognóstico é reservado, com estimativa de sobrevida em 6 meses de 50%.

Palavras Chave

Calcifilaxia; Arteriolopatia Calcificante Urêmica; Doença Renal Crônica Terminal