X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

TRATAMENTO DE LEISHMANIOSE VISCERAL REFRATARIA A ANFOTERECINA B LIPOSSOMAL E COEXISTENCIA DE BRUCELOSE E LINFOMA DE ZONA MARGINAL ESPLENICO – RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

A leishmaniose visceral (LV) é uma doença endêmica na região central de Minas Gerais e de alta mortalidade. No seu tratamento padrão-ouro atual é utilizado a anfoterecina B lipossomal (ABL), mas em raros casos, esse tratamento pode ser ineficaz.

Objetivos

Apresentar alternativas ao manejo do tratamento do caso de LV refratária ao uso de ABL e a coexistência de brucelose em paciente com doença imunossupressora.

Descrição do caso

Paciente de 48 anos, masculino, procedente de Jequitinhona-MG, trabalhador com gado, com história de perda ponderal importante, febre diária, sudorese noturna e hepatoesplenomegalia. Teve diagnóstico em sua cidade de origem de esquistossomose a qual foi tratada sem melhora, onde permaneceu com todos mesmos sintomas e veio encaminhado para Belo Horizonte. Investigado extensamente durante internação para etiologias de febre de origem indeterminada, com pedidos de sorologias, culturas, biópsias de medula óssea (BMO) e de baço e exames de imagens. Os primeiros resultados de sorologias mostraram positividade para brucelose e PCR positivo para leishmaniose no aspirado de medula. À microscopia visualizou-se amastigotas. O resultado da imunohistoquímica para investigação de neoplasia em um primeiro momento mostrou-se negativa. O tratamento da LV foi feito com ABL 3mg/Kg/dia por dez dias sem melhora clínica evidente. Feito tratamento conjunto com doxiciclina e rifampicina devido a brucelose. Devido piora clínica, optado por segunda BMO para avaliação de cura e suspeita de processo neoplásico não visto em primeira coleta. Nova BMO com persistência de amastigotas e então reiniciado novo ciclo de ABL com dose dobrada, 6mg/Kg/dia e optado por esplenectomia para oferecer material para biópsia e também devido esplenomegalia de grande monta e múltiplas regiões de infarto e hematomas subcapsulares vistos em exame de imagem. Resultado definitivo de nova BMO e de baço com linfoma de zona marginal. Paciente de alta no trigésimo segundo dia de internação para tratamento ambulatorial com quimioterapia. Considerado curado da brucelose e leishmaniose visceral com o segundo esquema de ABL.

Conclusões/Considerações Finais

O caso da coexistência de doenças endêmicas descrito mostrou-se um desafio diagnóstico e de tratamento, que instigou a pensar em inúmeros diagnósticos diferenciais. A LV refratária ao uso de ABL ocorre com baixa frequência, e carece de fonte na literatura que mostre tratamentos alternativos. O uso de dose dobrada de ABL em segunda dose mostrou-se efetiva para o tratamento da doença.

Palavras Chave

Leishmaniose visceral; brucelose; linfoma; hepatoesplenomegalia; refratário; anfoterecina

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital Lifecenter - Minas Gerais - Brasil

Autores

FELIPE NELSON MENDONCA, ANTONIO TOLENTINO NOGUEIRA DE SÁ, BRUNA VILELA VONO, JÚLIA PEREIRA TORGA