X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

ACIDOSE TUBULAR RENAL TIPO I - DIAGNOSTICO DIFERENCIAL EM ACIDOSES METABOLICAS

Fundamentação/Introdução

Acidose Tubular Renal Tipo I (ATR I) é um distúrbio raro caracterizado por um defeito na acidificação urinária no túbulo contorcido distal e coletor, resultando em uma urina com pH elevado, mesmo em presença de acidose metabólica.

Objetivos

Descrever um caso clínico de ATR I

Descrição do caso

Paciente 31 anos, feminino, portadora de lupus eritematoso sistêmico diagnosticado há cerca de 3 meses e diabetes mellitus, em uso de prednisona 60mg/dia e metformina 1700mg/dia, admitida devido quadro de poliúria e polidipsia inicio insidioso há 4 semanas, evoluindo há 1 semanas com febre intermitente, náuseas, vômitos, epigastralgia com piora progressiva.
Ao exame físico encontrava-se em MEG, desidratada 3+/4+, pálida 1+/4+, febril 38,3°C, PA 90x60mmhg, FC 122BPM, FR 26IPM, abdômen distendido, ruídos hidroaéreos reduzidos, doloroso à palpação profunda difusa, descompressão brusca negativa, hipertimpânico, presença de celulite em face medial de joelho esquerdo com fístula cutânea com eliminação de secreção piossanguinolenta à expressão.
Exames laboratoriais: hemoglobina 12g/dL, leucócitos 4900, bastões 12%, segmentados 56%, plaquetas 172mil, sódio 122mEq/L, potássio 1,9mEq/L, cloro 101mEq/L, creatinina 0,7mg/dL, proteína c reativa 165mg/L (<6), glicemia 324mg/dL, albumina 2,5g/dL, cetonemia 4,5mmOl (<0,6), urina I: pH 6,0, cetonúria 2+, presença de cilindros hialinos, pH 7,28, HCO3 6,4, pCO2 14, peptídeo C 0,75 (0,9-7,1).
Iniciado protocolo de cetoacidose diabética com insulina regular endovenosa em bomba de infusão contínua, hidratação com soro fisiológico 0,9% e cloreto de potássio 19,1% e tratamento antibiótico empírico com cefepime e vancomicina; Calculado ânion gap corrigido de 21 (8-12), compatível com acidose metabólica com ânion gap aumentado. Após 24horas de condução de caso, já com estabilização de quadro e cetonemia 0,3mmOl (<0,6), a paciente mantinha pH 7,33 e HCO3 10,8; Fora calculado relação delta ânion gap/delta HCO3 menor que -1, sugerindo uma associação de acidose metabólica hiperclorêmica.
Suspeitando-se de um quadro de ATR I - acidose metabólica hiperclorêmica associada a pH urinário >5,5 e hipocalemia - foram solicitados exames para cálculo de ânion gap urinário: sódio urinário de 88mEq/L, cloro urinário de 51mEq/L e potássio urinário de 26mEq/L, confirmando-se a hipótese.

Conclusões/Considerações Finais

A determinação do ânion gap sérico, assim como da relação delta ânion gap/delta HCO3 são passos importantes no diagnóstico diferencial de distúrbios ácido-básicos e, especialmente, da acidose metabólica.

Palavras Chave

acidose tubular renal, acidose hiperclorêmica

Área

Clínica Médica

Autores

LUIZ GUILHERME GONÇALVES BERNARDI