X Congresso Mineiro de Clínica Médica e VI Congresso Mineiro de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

AGRANULOCITOSE INDUZIDA POR METIMAZOL

Fundamentação/Introdução

O hipertireoidismo é uma doença comum com prevalência na população de 0,2% a 0,5%, sendo o Metimazol o tratamento de escolha na maioria dos casos. As tionamidas podem cursar com um efeito colateral raro denominado agranulocitose, que ocorre em 0,2 a 0,3 % dos casos, sendo que de 2 a 4% dos pacientes evoluem para óbito. Tal efeito ocorre independente da idade, dose e duração do tratamento. Os sintomas mais frequentes são manifestados por infecções, principalmente de orofaringe. Diante da elevada prevalência do hipertireoidismo e da gravidade do efeito colateral que pode ser ocasionado pelo seu tratamento, é de extrema importância a abordagem do tema e conhecimento da classe médica para uma intervenção precoce.

Objetivos

Descrever uma complicação rara secundária ao tratamento do hipertireoidismo, que deve ser lembrada para evitar um desfecho fatal ocasionado por infecções.

Descrição do caso

Paciente feminina, 47 anos, em tratamento de hipertireoidismo com Metimazol 10mg/dia. Em exames laboratoriais prévios ao uso de medicação, apresentava leucócitos de 3360 cels/mm³ e hemoglobina (Hb) de 12 mg/dl. Após 2 meses de tratamento, paciente apresentava Hb: 11,9 mg/dl, Leucócitos: 1550 cels/mm³ (neutrófilos (N): 221), sendo então suspensa a medicação. Após 1 mês sem a droga a paciente apresentava Hb: 12,5mg/dl, Leuco: 4430 cels/mm³ (N: 2481), sendo considerado pelo hematologista o diagnóstico de agranulocitose induzida pelo Metimazol. Após 3 meses sem tratamento, paciente retorna sintomática ao Endocrinologista, com hormônio tireoestimulante de 0,01mU/l e tiroxina livre de 3,33ng/dl, sendo então, reintroduzido o Metimazol 30mg/dia. Após 1 mês de uso, paciente apresentou quadro de coriza, congestão nasal e odinofagia, evoluindo, após 3 dias, com dor lombar à direita associado a oligúria, hipotensão, sensação febril e vômitos.
Procurou o pronto atendimento em regular estado geral, sudoreica, descorada, taquicárdica, taquidispneica e com dor à palpação de flanco direito. Em exames laboratoriais apresentava Hb: 9,1, Leuco: 230 (N: 0) e urina sugestiva de infecção. Paciente evoluiu com choque séptico de foco urinário e foi à óbito em menos de 24 horas da admissão hospitalar.

Conclusões/Considerações Finais

As consequências graves do uso de medicações antitireoidianas podem ser evitadas pelo diagnóstico correto e precoce. Assim, considerando que a triagem de rotina não é recomendada, torna-se imprescindível alertar o paciente para os sintomas desta complicação.

Palavras Chave

agranulocitose metimazol

Área

Clínica Médica

Autores

LUIZ GUILHERME GONÇALVES BERNARDI, CAMILA CUNHA GONZAGA, ANA LAURA JORGE SILVA, RAFAEL NUNES DE OLIVEIRA