Dados do Trabalho

Título

NECROSE TUBULAR AGUDA (NTA) SECUNDARIA AO USO DE ESTATINA NO TRATAMENTO DE PROVAVEL HIPERQUILOMICRONEMIA POLIGENICA: RELATO DE CASO

Introdução

Estatinas são fármacos amplamente usados na prática clínica, principalmente no manejo da dislipidemia com impacto na redução do risco cardiovascular. No relato de caso destaca-se a associação de injúria renal aguda (IRA) relacionada à estatina, complicação rara, mas com potencial gravidade que deve ser aventada, mesmo sem rabdomiólise.

Objetivos

O presente estudo tem por objetivo relatar quadro de IRA não oligúria por NTA secundária ao uso de estatina no tratamento de síndrome de hiperquilomicronemia poligênica.

Descrição do caso

Homem negro, 50 anos, hipertenso, apresentando taquicardia, sudorese, perda ponderal, astenia, hiporexia, náusea e exoftalmia bilateral de piora progressiva há 2 meses. Hipertenso com tratamento otimizado e portador de artrite gotosa e dislipidemia mista em uso de sinvastatina e ciprofibrato. Quadro prévio de hipertrigliceridemia de 6000 mg/dL. Exames iniciais com amostra sanguínea lipêmica. Função tireoidiana normal. Perfil lipídico: colesterol total 955 mg/dL, HDL 34 mg/dL, triglicérides 1773 mg/dL, LDL 566 mg/dL, apolipoproteína B 211 mg/dL.
Ao exame físico, presença de xantomas, tofo gotoso, alteração da pilificação e presença lipemia retinalis em ressonância magnética de órbitas. Realizado propedêutica extensadescartando causas secundárias de hipertrigliceridemia e realizado diagnóstico presumido de hiperquilomicronemia poligênica, iniciando tratamento com atorvastatina 80mg.
Evoluiu com piora da função renal, com creatinina de 10,3 mg/dL e ureia 89 mg/dL após 15 dias do inicio da atorvastatina, caracterizando quadro de IRA não oligúrica KDIGO 3. Realizada propedêutica, revisadas e suspensas medicações nefrotóxicas, excluídas causas pré e pós renais. Sem proteinúria nefrótica, hematúria ou rabdomiólise. Excluídas causas secundárias reumatológicas, infecciosas, hematológicas, realizou-se biópsia renal que evidenciou NTA, sem lesões glomerulares. Foi suspensa a atorvastatina. Em 24 horas iniciou-se melhora da função renal. Foi relacionado a NTA ao uso da estatina.

Conclusões

A IRA por uso de estatina é condição geralmente relacionada à rabdomiolise. No geral, as estatinas não têm relevante nefrotoxicidade, porém, a possibilidade deve ser aventada diante piora progressiva pois podem estar relacionadas a necrose tubular aguda. A incidência está relacionada à dose e uso concomitante de agentes de mesma via metabólica. Sendo assim, reconhecer e suspender a medicação pode prevenir a progressão da IRA.

Palavras Chave

Necrose Tubular Aguda, Injuria Renal Aguda, Estatinas, Hiperquilomicronemia Poligenica