Dados do Trabalho

Título

ARTERIA CORONARIA UNICA DE DOMINANCIA DIREITA: UM RELATO DE CASO

Introdução

Anomalias coronarianas estão entre as etiologias mais incomuns de síndrome coronariana aguda e frequentemente surgem como achados incidentais. O relato apresenta o caso de um atleta com síndrome coronariana aguda sem supradesnivelamento do segmento ST, com diagnóstico de artéria coronariana única de dominância direita em cineangiocoronariografia e angiotomografia coronariana.

Objetivos

Relatar uma rara anomalia coronariana.

Descrição do caso

Masculino, 53 anos, professor de artes marciais, sem comorbidades ou antecedentes familiares. Admitido por dor torácica típica há 10 horas, ECG sem alterações e troponina I 4,70 ng/ml (VR <0,03 ng/ml). Foi solicitada cineangiocoronariografia, a qual evidenciou as Artérias Descendente Anterior (ADA) e Circunflexa (ACX) apresentando origem anômala, saindo junto ao óstio da Artéria Coronária Direita (ACD), isentas de lesões ateroscleróticas. Durante a internação foi realizada angiotomografia coronariana, confirmando a origem anômala das artérias coronárias, a ADA apresentando origem anômala a partir da ACD, com trajeto subpulmonar e a ACX trajeto retroaórtico. Permaneceu internado por cinco dias, assintomático e com boa evolução clínica, recebendo alta hospitalar para seguimento ambulatorial com tratamento clínico.
As anomalias coronarianas são malformações congênitas encontradas em 0,17 a 5,6% da população. A origem anômala das artérias coronárias a partir da ACD, do tipo artéria coronária única, é uma alteração rara e sua incidência varia de 0,024% a 0,12%, podendo apresentar 4 trajetos: interarterial, anterior (pré pulmonar), posterior (retroaórtico) e septal (subpulmonar). O trajeto interarterial é o mais associado à ocorrência de isquemia, arritmias ventriculares e morte súbita, sendo os demais subtipos de evolução geralmente benigna. O tratamento é individualizado e pode incluir tratamento clínico, percutâneo ou cirúrgico. Outro fator crucial a ser ponderado é a suspensão de atividades físicas, visto que em atletas o risco de morte súbita é extremamente elevado, até 79 vezes maior. O uso de betabloqueadores é controverso e provavelmente tão eficaz quanto à restrição de atividades físicas extenuantes.

Conclusões

As anomalias coronarianas são um grupo de malformações congênitas infrequentes, pouco conhecidas e de terapêutica altamente individualizável. Por isso, faz-se necessário reconhecimento e seguimento correto de tais pacientes, visto que suas implicações clínicas podem ser potencialmente graves.

Palavras Chave

Anomalias coronarianas. Artéria coronária única. Anomalia congênita.