Congresso Norte-Nordeste de Clínica Médica e Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NO DIAGNOSTICO DE INTOXICAÇAO EXOGENA NO BRASIL

Fundamentação/Introdução

A pandemia de COVID-19 alterou a dinâmica da população com a necessidade do isolamento social e a mudança de hábitos alimentares, ocasionando o fechamento de bares e restaurantes, e o aumento das refeições em domicílio. Nessa perspectiva, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estabeleceu novos critérios para o funcionamento de estabelecimentos que lidam com alimentos no Brasil, a fim de evitar a transmissão da doença. Assim, com o início do isolamento social no Brasil em março, era de se esperar uma alteração do perfil epidemiológico da Intoxicação Exógena (IE) por alimentos e líquidos.

Objetivos

Analisar se houve associação entre a incidência de IE por alimentos e líquidos e o isolamento social no Brasil durante pandemia.

Delineamento e Métodos

Estudo descritivo e retrospectivo com abordagem quantitativa em base de dados secundárias, no território nacional, entre janeiro de 2016 e abril de 2020. Os dados de incidência de IE, por agente tóxico alimento e bebida, foram coletados em Doenças e Agravos de Notificação (SINAN), por meio do DATASUS/Tabnet. As variáveis de controle foram a região/UF de notificação e o mês dos primeiros sintomas. Analisou-se a diferença na incidência de casos no período pré e pós pandemia, utilizando-se o teste de independência de qui-quadrado, a partir da ponderação dos casos. Considerou-se o nível de significância de 95%.

Resultados

No Brasil, nos meses de março e abril entre 2016 e 2019, a média de diagnósticos de IE foi de 693, com queda para 296, no mesmo período em 2020 (representando uma diminuição de 42,2%). Com relação aos meses de janeiro e fevereiro de 2020, período pré-pandemia, há incidência de 864 diagnósticos, os quais, quando comparados aos meses de março e abril de 2020, representam uma queda de 65,7%. Essa diferença foi estatisticamente significante com p<0,001. Sobre a região de notificação, a redução de 2019 para 2020 foi, respectivamente, de 76,5%, 66,5%, 56,7%, 48,9% e 41,7% nas regiões Centro-Oeste, Sudeste, Norte, Sul e Nordeste.

Conclusões/Considerações finais

Ratifica-se que houve redução significativa no número de casos de IE por alimento e bebida após o início do isolamento social no Brasil devido à pandemia. Essa redução pode estar relacionada à menor exposição das pessoas, associada à possível subnotificação de casos leves, nos quais não houve procura pelos serviços de saúde; e ainda à intensificação dos cuidados de higiene no manuseio dos alimentos.

Palavras-chave

Doenças Transmitidas por Alimentos; Pandemia; Hábitos Alimentares.

Área

Clínica Médica Geral

Instituições

Universidade Federal da Paraíba - Paraíba - Brasil

Autores

BIANCA MARIA BARROS SOUZA, Klaus Helmer Künsch, Sarah Dias de França Borba, Júlia Albuquerque de Luna, Tainá Gomes Aragão, Amira Rose Costa Medeiros