Congresso Norte-Nordeste de Clínica Médica e Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

INTOXICAÇAO ANESTESICA APOS INJEÇAO INTRAVASCULAR ACIDENTAL DE BUPIVACAINA E LIDOCAINA EM PACIENTE SUBMETIDO A POSTECTOMIA

Fundamentação/Introdução

Intoxicação por anestésicos locais, embora raro, pode precipitar instabilidade cardiorrespiratória, neurotoxicidade e morte.

Objetivos

Relatar um caso de intoxicação por anestésicos locais após injeção intravascular acidental, descrever os fatores predisponentes, as medidas profiláticas e a conduta adotada.

Delineamento e Métodos

Homem, 22 anos, 62 kg, 1,70m, sem histórico de convulsão, comorbidades ou uso de medicamentos nos últimos meses. Encaminhado a um hospital terciário para realização de postectomia eletiva. No centro cirúrgico, a monitorização cardíaca, oximetria de pulso, glicemia capilar e esfigmonamometria revelaram: SpO2=98%, Glicemia=85mg/dL e PA = 120x70mmHg. A analgesia foi obtida mediante bloqueio anestésico do nervo dorsal do pênis e dos ramos do nervo pudendo com lidocaína a 2% (7mg/kg) e cloridrato de Bupivacaína a 0,5% (1mg/kg) sem vasoconstrictor. Minutos após a infiltração local e previamente à sedação, o paciente apresentou convulsão tônico-clônica generalizada.

Resultados

Imediatamente foi iniciado conduta baseada no Advanced Cardiac Life Support (2019) e no Training Manual for the mhGAP Intervention Guide for mental, neurological and substance use disorders in non-specialized health settings (2.0) da organização mundial de saúde. Realizou-se ventilação com máscara e O2 a 100%, NaCl 0,9% + 5mL de glicose 50% (EV) a 30gts/min. e Diazepam 10mg (EV) em bolus. Após alguns segundos, houve estabilização do quadro clínico e o procedimento cirúrgico foi realizado sem mais intercorrências, sob sedação e analgesia adequadas.

Conclusões/Considerações finais

Embora os níveis séricos de lidocaína e Bupivacaína não tenham sido avaliados, a hipótese de intoxicação anestésica foi considerada, não havendo histórico de convulsões ou outra causa que explicasse o episódio. Os seguintes fatores predisponentes foram analisados na discussão do caso: hipercapnia, acidificação intraneuronal com aumento da fração ativa da substância no tecido, baixo limiar convulsivante relativo à Bupivacaína, injeção vascular acidental, elevado volume da substância infiltrada. Sendo a injeção intravascular o principal fator precipitante no caso em questão. Dentre as medidas profiláticas, a maioria dos autores defendem: a redução das concentrações anestésicas, verificação do retorno sanguíneo previamente à injeção, volume maior de lidocaína em relação à Bupivacaína, sedação mínima eficaz afim de evitar hipercapnia e o emprego da anestesia geral em procedimentos de maior complexidade.

Palavras-chave

Lidocaína, Bupivacaína, intoxicação anestésica, conduta, medidas profiláticas.

Área

Urgência e Emergência

Instituições

Universidade Federal da Paraíba - Paraíba - Brasil

Autores

JESIMIEL LIMA PESSOA, Ricardo Andre Medeiros Negreiros, Abdon Moreira Lustosa