Dados do Trabalho
Título
DOENÇA DE CROHN DE DIFÍCIL DIAGNÓSTICO: RELATO DE CASO
Fundamentação/Introdução
A doença de Crohn manifesta-se comumente com dor abdominal crônica de caráter cíclico, acompanhada de febre e alteração do hábito intestinal. A diarreia apresenta características variadas a depender da região acometida, podendo ser mucossanguinolenta quando há acometimento primordial do cólon ou como esteatorreia quando há acometimento do delgado. Doença perianal e manifestações extraintestinais diversas também são esperadas. Contudo, pode se manifestar sem os sintomas característicos, possuindo vários diagnósticos diferenciais.
Objetivos
Descrever uma manifestação atípica da doença de Crohn, com intuito de chamar a atenção para a necessidade de suspeição diagnóstica baseada na histórica clínica.
Delineamento e Métodos
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Resultados
Descrição do caso: Adolescente sexo feminino, procurou atendimento especializado com relato de dor abdominal crônica intercalada por períodos de acalmia, que não respondiam aos analgésicos e duravam em média 4 dias, há 3 anos. Em uso de omeprazol e ranitidina desde o mês anterior à consulta, sem melhora. Ao exame físico, apresentava-se emagrecida, IMC 12,3 kg/m², descorada, com abdome plano e doloroso em fossa ilíaca esquerda. Tinha hábito intestinal diário, fezes formadas, sem sangue ou muco. Apresentava teste de tolerância a lactose positivo, submetida a dieta sem lactose desde então, resultado de endoscopia com biópsia indicando gastrite crônica antral e presença de H.pylori e anti-transglutaminase tecidual IgA negativa. Foram solicitados colonoscopia e outros exames. Uma semana após a consulta, foi internada por quadro de dor abdominal, quando realizou ultrassonografia, tomografia e endoscopia sem anormalidades, hemograma com leucopenia, VHS: 80 mm, proteínas totais: 7,1 g/dl, com 3,5 g/dl de albumina e 3,6 g/dl de globulinas, provas de função hepática normais, vitamina D: 14,3 ng/ml, ferritina: 352 ng/ml e ferro sérico: 14 mcg/dL. No retorno, solicitou-se novamente colonoscopia que revelou íleo terminal com ulcerações, exsudato de fibrina, válvula ileocecal com edema e ulcerações, presença de lesões ulceradas isoladas em transverso e sigmoide e mucosa do reto distal com ulcerações rasas, padrão compatível com doença de Crohn em atividade.
Conclusões/Considerações finais
Não é rara a ocorrência de doença de Crohn sem os sintomas clássicos, por isso é importante considerá-la em pacientes com dor abdominal crônica de origem desconhecida, já que o atraso no diagnóstico tem impacto na qualidade de vida e pode resultar em desnutrição.
Palavras-chave
Gastroenterologia; Doença de Crohn; Dor abdominal
Área
Gastroenterologia
Instituições
Universidade Federal da Paraíba - UFPB - Paraíba - Brasil
Autores
VITOR MEDEIROS DELGADO, DIEGO MEDEIROS DELGADO