Congresso Norte-Nordeste de Clínica Médica e Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

ARTERITE TEMPORAL COMPLICADA POR NEURITE ÓPTICA ISQUÊMICA AGUDA: UM RELATO DE CASO

Fundamentação/Introdução

Arterite temporal (AT) é uma vasculite sistêmica rara que acomete principalmente pacientes idosos. É um estado inflamatório que lesa as camadas média e íntima de grandes e médios vasos com deposição de células gigantes. Os sintomas incluem febre, perda de peso, claudicação de mandíbula, cefaléia intensa acompanhada de alodínia e polimialgia. Uma grave complicação da doença é amaurose irreversível quando há injúria da artéria oftálmica. O diagnóstico é realizado a partir da história clínica e achados laboratoriais inespecíficos, podendo fazer uso de ultrassonografia (USG) e biópsia de artéria temporal. O tratamento de base é corticoterapia por longa data.

Objetivos

Relatar o caso de paciente com AT associada a neurite óptica isquêmica aguda (NOIA).

Delineamento e Métodos

Mulher de 79 anos, admitida por febre, astenia e perda de 14 quilos há 4 meses.

Resultados

Apresentava, há cerca de 8 meses, quadro de cefaleia latejante intensa, em região temporal bilateral, com alodínia em couro cabeludo e claudicação da mandíbula, associado a perda visual súbita no olho esquerdo. Trazia tomografia de crânio, ressonância magnética e análise de líquido cefalorraquidiano sem alterações significativas. Hemograma com anemia normocítica normocrômica com padrão de doença crônica, e marcadores inflamatórios elevados. Foi levantada a hipótese de AT. Também relatava dor e rigidez em ombros, sugerindo polimialgia reumática. A amaurose em olho esquerdo foi atribuída à NOIA, comprovada por fundoscopia. Devido à perda visual súbita unilateral constatada no momento do diagnóstico presuntivo, pulsoterapia com metilprednisolona foi iniciada, com manutenção de prednisona 1mg/kg/dia. A paciente respondeu de maneira dramática em poucos dias, com melhora das queixas e marcadores inflamatórios. Biópsia de artéria temporal não demonstrou alterações sugestivas de AT. USG doppler evidenciou espessamento das artérias temporal e axilar. Metotrexate foi iniciado, com progressivo desmame da prednisona. A amaurose a esquerda permaneceu, mas negou perda visual a direita durante o seguimento.

Conclusões/Considerações finais

Em vista do quadro clínico sugestivo de AT e acometimento grave cursando com perda visual súbita, a paciente foi devidamente tratada antes mesmo da realização de biópsia ou USG de artéria temporal. Por ser uma doença rara, a AT pode ter seu diagnóstico e tratamento retardados, trazendo graves consequências, como a amaurose irreversível.

Palavras-chave

Arterite temporal; Neurite óptica isquêmica aguda

Área

Reumatologia

Instituições

Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco - Pernambuco - Brasil

Autores

JOSE EMERSON PAZ SOARES, BRUNNA RANÃ, AMANDA CARVALHO ALMEIDA MEDEIROS, MARIANA LIRA FONTE, PEDRO ALVES CRUZ GOUVEIA