Dados do Trabalho
Título
MENINGOCOCCEMIA SIMULANDO DENGUE: RELATO DE CASO
Fundamentação/Introdução
No Brasil, a presença de febre, mialgia, artralgia e rash leva o clínico a pensar em arboviroses. Entretanto, esses comemorativos são inespecíficos, podendo ocorrer em outras doenças virais (HIV agudo, rubéola, CMV) ou bacterianas. A identificação do agente etiológico contribui para a sobrevida do paciente, especialmente quando há uma causa tratável.
Objetivos
Relato de caso com revisão da literatura.
Delineamento e Métodos
Mulher, 30 anos, sem morbidades, procurou a UPA devido febre alta, mialgia, artralgia, cefaléia, prostração, náuseas, vômitos e inapetência há 24h. O quadro era refratário ao uso de dipirona e paracetamol. Nas horas subsequentes, apresentou rash petequial difuso, incluindo tronco e membros. Ao exame, a temperatura era de 39°C, FC 105 bpm, FR 22 irpm, Glasgow 15, nuca livre e perfusão prejudicada. Nos exames laboratoriais, chamava atenção a plaquetopenia (110 mil). Funções renal e hepática normais. Levantou-se a hipótese de dengue, sendo encaminhada ao serviço de referência. Na admissão, o rash estava mais proeminente e, em algumas regiões, coalesciam formando púrpuras. O exame NS1-Ag foi negativo.
Resultados
Considerando a possibilidade de sepse, coletou hemoculturas e iniciou ceftriaxona empírico. A punção lombar realizada após 24h mostrou discreta pleocitose e proteinorraquia. Cerca de 7 dias depois, os dedos dos pés necrosaram e a hemocultura isolou meningococo sorotipo C.
Conclusões/Considerações finais
Apesar de febre, artralgia, mialgia e rash serem inespecíficos, detalhes sutis podem direcionar para um diagnóstico mais específico. A cefaléia refratária pode indicar acometimento meníngeo. A prostração e palidez podem sugerir infecção bacteriana. O rash petequial-purpúrico pode sugerir meningococcemia, estafilococcia ou Hemófilos. O isolamento do meningococo permitiu o diagnóstico etiológico em tempo oportuno, além de respaldar a antibioticoterapia por 7 dias, bem como as medidas de quimioprofilaxia para os contactantes com rifampicina. Ao contrário dos quadros clássicos, não havia sinais meníngeos, já que este pode ser um achado tardio. O líquor mostrou alterações discretas, provavelmente pelo uso prévio de antibióticos. A plaquetopenia é inespecífica e pode acompanhar qualquer quadro grave, seja viral ou bacteriano. Apesar do correto manejo, alguns pododáctilos sofreram amputação. Em suma, recomendamos considerar hemoculturas e antibiótico em pacientes graves com púrpura e “dengue-like” NS1-Ag negativo.
Palavras-chave
Meningococcemia; dengue; rash petequial; púrpura; hemocultura.
Área
Infectologia
Instituições
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) - Paraíba - Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) - Rio Grande do Norte - Brasil, Universidade Potiguar (UnP) - Rio Grande do Norte - Brasil
Autores
RENATA ASSIS CARDOSO, GLAUCO IGOR VIANA DOS SANTOS, HAROLDO DE LUCENA BEZERRA, RODRIGO ASSIS CARDOSO