I Congresso Sul Brasileiro de Biomedicina

Dados do Trabalho


Título

CAPACIDADE DE EXPANSAO E FUNCIONAL DE CELULAS T REGULADORAS NA HANSENIASE E EM SEUS EPISODIOS REACIONAIS

Fundamentação/Introdução

A hanseníase é uma doença infectocontagiosa granulomatosa crônica, causada pelo agente etiológico Mycobacterium leprae e é um problema de saúde pública no Brasil. Em média, 30-40% dos doentes tem risco de desenvolver as reações hansênicas, que são estados de exacerbação da resposta imunológica do hospedeiro frente ao agente M. leprae. Já é bem descrita a importância de células T reguladoras em infecções bacterianas crônicas, porém seu papel na hanseníase ainda não está elucidado.

Objetivos

avaliar a capacidade de expansão in vitro das Tregs em pacientes diagnosticados com hanseníase e analisar a capacidade supressora dessas células.

Delineamento e Métodos

Trata-se de um estudo experimental quantitativo, longitudinal prospectivo em que foram avaliados indivíduos com hanseníase tuberculóide e dimorfo tuberculóide (n=7), hanseníase virchoviana e dimorfo virchoviana (n=5), indivíduos com reação tipo 1 moderada/intensa (n=8) e indivíduos com reação tipo 2 moderada/intensa (n=9). Para tanto, a expansão de Tregs se deu por cultivo in vitro das células mononucleares do sangue periférico (PBMC) sob estímulo policlonal anti-CD3 e anti-CD28, acrescidos de IL-2 e Rapamicina em estufa 37oC 5% CO2. A capacidade funcional das Tregs expandidas foi avaliada por co-cultivo das Tregs expandidas com PBMCs autólogas marcadas com CFSE, em diferentes proporções (Treg/PBMCs: 1/1; ½ e 1/5) . Os resultados avaliados por citometria de fluxo e analisados no software FlowJo Versão 10. Foi aplicado o teste One-way ANOVA com pós-teste de Dunn, quando as amostras não eram paramétricas.

Resultados

A mediana de frequência das Tregs (TCD4+CD25+CD127low/-FoxP3+) expandidas, demonstrou que não houve diferença significativa entre os grupos de pacientes (ANOVA, p=0,31). De forma geral, foi observado que as Tregs expandidas de todos os pacientes demonstraram uma robusta capacidade de supressão. Na proporção de 1:5 no grupo R1, não houve uma supressão significativa, apresentando uma média de 22,3% de supressão. Por outro lado, nessa mesma proporção, os grupos PB, MB e R2 apresentaram diferenças significativa comparando com outras proporções e com o controle positivo (médias de 27,3%, 52,8% e 42,9% de supressão, respectivamente).

Conclusões/Considerações Finais

A elucidação do papel e possível indução/expansão in vitro de Tregs nesses quadros poderão eventualmente direcionar para novas intervenções imunoterapêuticas, evitando/diminuindo o uso dessas medicações causadoras de graves efeitos adversos.

Referências

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Palavras-chave

Hanseníase. Episódios reacionais. Células T reguladoras.

Área

Tema livre

Instituições

Faculdade Metropolitana de Blumenau - FAMEBLU/UNIASSELVI - Santa Catarina - Brasil, Universidade de São Paulo - USP - São Paulo - Brasil

Autores

Carolina Cardona Siqueira Lobo, Ana Paula Vieira, Gil Benard