I Congresso Sul Brasileiro de Biomedicina

Dados do Trabalho


Título

STATUS DA INFECÇAO PELO VIRUS DA HEPATITE C EM USUARIOS DE DROGAS ILICITAS NA REGIAO NORTE DO BRASIL

Fundamentação/Introdução

Elevadas prevalências de infecções pelo vírus da hepatite C (HCV) têm sido relatadas em estudos com usuários de drogas ilícitas (UD) em diferentes regiões brasileiras [1,2]. No norte do Brasil, o uso de drogas ilícitas entre adolescentes e elevadas prevalências de patógenos em UD também foram registradas [3,4]. Entretanto, até o momento, os estudos epidemiológicos com UD foram realizados com pequenos números amostrais e em uma área geográfica limitada [1-3].

Objetivos

Este estudo avaliou aspectos relevantes da infecção pelo HCV em UD no norte do Brasil.

Delineamento e Métodos

Este estudo transversal acessou 1666 UD em diversos municípios dos estados do Amapá (n = 9) e do Pará (n = 29), norte do Brasil, utilizando a técnica bola de neve adaptada. Amostras de sangue e informações sócio-demográficas, econômicas, comportamentais e relacionadas ao uso de drogas foram coletadas. A presença de anticorpos anti-HCV e de RNA-HCV foram avaliados por ensaios imunoenzimáticos (ELISA) e moleculares (Imunoblot e reação em cadeia pela polimerase (PCR)), respectivamente. Os genótipos do HCV foram identificados por PCR em tempo real. Regressões logísticas simples e múltiplas foram utilizadas para identificar fatores associados à infecção pelo HCV e ao clareamento espontâneo dessa infecção (CS).

Resultados

A maioria dos UD era jovem (18 a 29 anos), masculino, não branco, heterossexual, solteiro, tinha reduzida escolaridade e renda mensal limitada. O uso de crack (50,2%) foi predominante. No total, 384 (23,1%) UD apresentaram infecção ativa pelo HCV (ELISA + e PCR +) e 193 (11,6%) UD apresentaram clareamento espontâneo (ELISA + Imunoblot + PCR -). Os genótipos 1 (80,2%) e 3 (18,8%) foram detectados. A infecção pelo HCV foi associada a idade (≥ 30 anos), tatuagem, tipo de drogas (crack e cocaína) e forma de utilização (injetável), frequência (uso diário) e tempo de uso de drogas ilícitas (uso superior a 12 anos), uso compartilhado de equipamentos, envolvimento com tráfico de drogas e práticas sexuais desprotegidas. O CS foi associado a origem (natural da Amazônia) e a etnia (não branco) do UD.

Conclusões/Considerações Finais

Em suma, esses resultados devem alertar as autoridades de saúde para o direcionamento e a execução imediata de ações e de políticas de promoção à saúde dos UD e da população em geral, especialmente relacionadas à prevenção e ao tratamento adequado da infecção pelo HCV.

Referências

1. Sá LC, Araújo TM, Griep RH, et al. (2013). Seroprevalence of hepatitis C and factors associated with this in crack users. Rev. Lat. Am. Enfermagem. 21, 1195-1202.
2. Silva FQ, Santos FJA, Andrade AP, et al. (2018). Hepatitis C virus infection among illicit drug users in an archipelago of the Amazon. Arch. Virol. 163, 617-622.
3. Andrade AP, Pacheco SD, Silva FQ, et al. (2017). Characterization of hepatitis B virus infection in illicit drug users in the Marajó Archipelago, northern Brazil. Arch. Virol. 162, 227-233.
4.Furtado IM, Araujo LG, Almeida JM, et al. (2017). Use of marijuana and cocaine among students in the municipality of Breves, Marajó Archipelago, Brazilian Amazon. J. Drug. Abuse. 23:1.

Palavras-chave

HCV, Epidemiologia, Clareamento espontâneo, Usuários de drogas, Brasil.

Área

Tema livre

Instituições

Campus do Marajó, Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Universidade Federal do Amapá - Amapá - Brasil, Departamento de Saúde Pública, Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil, Instituto de Estudos Costeiros, Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil, Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará - Pará - Brasil

Autores

Aldemir B. Oliveira-Filho, Rafael L Resque, Luiz Fernando A. Machado, Luiz Marcelo L Pinheiro, Luisa C Martins, José Alexandre R Lemos, Emil Kupek