Dados do Trabalho
Título
INFLUENCIA DA TEMPERATURA EXTREMA MINIMA NA FREQUENCIA DE AEDES AEGYPTI NO RIO GRANDE DO SUL
Fundamentação/Introdução
Os mosquitos do gênero Aedes são pertencentes à família dos culicídeos, considerados de grande importância epidemiológica, por serem vetores principais de pelo menos três importantes doenças causadas por arbovírus: Dengue, Zika e Chikungunya. Embora a Dengue esteja presente no Brasil há décadas, no Rio Grande do Sul ela se apresenta em casos autóctones há pouco mais de 10 anos, em números de casos que apesar de alarmantes, ainda não atingem a realidade de outros estados. Apesar disto, os índices de detecção de Aedes sp. são altos. Além de outras questões, possíveis variáveis climatológicas como temperatura e precipitação podem estar influenciando a permanência do mosquito na região.
Objetivos
Portanto, o objetivo deste estudo foi a análise da variabilidade meteorológica na facilitação da permanência de vetores de arboviroses no Rio Grande do Sul.
Delineamento e Métodos
Assim, realizou-se o levantamento dos dados sobre temperatura, pluviosidade e umidade do ar para o estado do Rio Grande do Sul no período de 2007 a 2017. Da mesma forma, buscou-se a quantidade de municípios infestados pelo mosquito e a quantidade de casos de Dengue, Zika e Chikungunya ao longo desse período.
Resultados
Este estudo mostrou que, levando em consideração todas as 18 estações meteorológicas do Estado, as temperaturas médias variaram entre 14 e 24°C, com mínimas médias anuais de 10°C e máximas médias anuais de 29°C. A umidade relativa do ar girou em torno dos 77% e chove no estado em torno de 1700mm anuais. Praticamente metade dos municípios gaúchos possui infestação pelo Aedes aegypti, embora esse incremento não seja proporcional ao número de casos autóctones dessas doenças. Entretanto, o extremo da temperatura mínima tem aumentado nestes últimos anos e de modo proporcional houve um acréscimo de mosquitos no estado (p<0,05), deixando-o em alerta para novos casos dessas doenças.
Conclusões/Considerações Finais
Isto faz crer que a variação nas temperaturas mínimas possa estar relacionada à facilitação da permanência do mosquito nos seus criadouros.
Referências
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Palavras-chave
Aedes, arbovírus, casos autóctones, clima, temperatura mínima.
Área
Tema livre
Instituições
Universidade Feevale - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
MALISIA BALESTRIN LAZZARI, FERNANDO ROSADO SPILKI