Dados do Trabalho

Título

ALTERAÇOES EPIGENETICAS ASSOCIADAS AOS MAUS-TRATOS NA PRIMEIRA INFANCIA: UMA REVISAO DA LITERATURA

Fundamentação/Introdução

O estresse na primeira infância (IF), acarretado por maus-tratos (MT) (violência, abusos e negligência), altera epigeneticamente o DNA em genes relacionados ao eixo Hipotálamo-Hipófise-adrenal (HPA). O eixo HPA é o indutor neuroendócrino da liberação de cortisol (CORT) pelas glândulas adrenais, gerando respostas metabólicas, celulares e comportamentais. Níveis de CORT, cronicamente elevados por MT durante a IF, podem levar à psicopatologias na vida adulta.

Objetivos

O objetivo deste estudo de revisão sistemática da literatura foi evidenciar os genes afetados epigeneticamente por MT na IF e suas possíveis consequências.

Delineamento e Métodos

Foram coletados artigos do dia 13 de novembro de 2018 até 31 de janeiro de 2019 por meio da biblioteca virtual “PubMed”, cujos descritores foram: “violence”, “brain” e “epigenetics”, padronizados pelos Descritores em Ciências da Saúde (DeCs). Foram incluídos apenas pesquisas realizadas em humanos (ensaios clínicos, revisões e estudos de caso), com no máximo 5 anos de publicação. Os resultados obtidos mostraram 893 publicações. Destes, apenas dez artigos tiveram o enfoque delimitado do estudo.

Resultados

Observou-se que experiências infantis traumáticas, sobretudo os MT recorrentes, aumentam o padrão de metilação (ME) do DNA, especialmente em dois genes: (i) receptores para glicocorticóides (GR); e o (ii) fator neurotrófico derivado do encéfalo (BDNF). Este fato pode provocar o silenciamento da codificação gênica e uma provável inibição do aparecimento destas proteínas sinápticas. Especula-se que a ME nos GR possa causar um desbalanço na regulação do eixo HPA, com a possibilidade de aumento compensatório de cortisol, que em altos níveis de forma crônica pode diminuir a neurogênese (NE) e aumentar a apoptose em estruturas encefálicas essenciais, como o hipocampo. Já a redução do BDNF tende a agir dificultando a NE, a comunicação sináptica e a sobrevida neuronal. A partir disso, evidencia-se na literatura que desordens mentais como a depressão possuem um cenário neuroquímico muito similar às citadas, com decréscimo de BDNF e desequilíbrio no eixo HPA.

Conclusões/Considerações Finais

Assim, alterações endócrinas levadas por eventos traumatizantes, podem desencadear modificações gênicas, agravando quadros comportamentais do indivíduo no futuro. Com isso, pesquisas de novos biomarcadores de fenótipos comportamentais como as metilações no DNA, podem ser alvos diagnósticos futuros.

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Palavras-chave

Maus-tratos; Epigenética; Desenvolvimento nervoso.