I Congresso Sul Brasileiro de Biomedicina

Dados do Trabalho


Título

BIOASTRONÁUTICA: EFEITOS DA ADAPTAÇÃO BIOLÓGICA HUMANA FRENTE A MICROGRAVIDADE NAS MISSÕES INTERPLANETÁRIAS

Fundamentação/Introdução

O espaço é um ambiente hostil para o organismo humano. E para garantir que os astronautas sobrevivem em missões, o avanço tecnológico na ciência será necessário, e a bioastronáutica será fundamental. Este ramo da ciência, estuda soluções dos efeitos biológicos, que atingem astronautas, devido à adaptação no ambiente espacial. Impactos fisiológicos imediatos do voo espacial são atribuídos a Microgravidade (MG) e radiação ionizante, que podem perturbar os sistemas imunológico, nervoso, causar a redução da massa muscular e da densidade óssea e danos ao DNA.

Objetivos

Realizar uma revisão sistemática de literatura acerca da bioastronáutica, sobre os principais efeitos biológicos ocorrido em resposta à adaptação do organismo humano, em ambientes com MG de viagens interplanetárias.

Delineamento e Métodos

Revisão sistemática de literatura, realizada em Julho de 2018. Não foram aplicadas restrições para as datas de publicação dos artigos. Bancos de dados utilizados PubMed, Scientific Electronic Library Online e site eletrônico da NASA. O principal grupo alvo foram os astronautas a fim de verificar efeitos na biologia do corpo humano no espaço, e também estudos com MG simulada com aplicação em cultura celular, avaliando os resultados dos estudos.

Resultados

Qualquer tipo de radiação poderá interagir com o organismo humano. E quando esta interação acontece, resulta em efeitos relevantes ao genoma humano, devido à produção de espécies reativas de oxigênio, resultado da ação sinérgica entre MG e radiação. Alterações na homeostase sanguínea afeta astronautas, o que resulta em neocitólise é resposta adaptativa aguda desencadeada pela exposição à MG, com o objetivo de diminuir a quantidade excessiva de eritrócitos e hemoglobina no sangue quando ela não é mais necessária especialmente em condições mínimas de oxigênio. Em ambiente MG, a função biomecânica do sistema musculoesquelético não é utilizada, o que ocasiona deterioração muscular e diminuição da formação e óssea. Muitos astronautas adquirem osteoporose ao retornarem para a Terra. O cérebro tende a flutuar no crânio o que resulta em uma falsa perda de massa cinzenta. Porém há aumento da massa cinzenta nas áreas sensório-motora resultado da neuroplasticidade.

Conclusões/Considerações Finais

A tecnologia atual não é eficaz contra radiação, e essa proteção será uma tecnologia crucial. Contramedidas biomédicas, farmacológica, nutricional e exercícios com centrifugação (gravidade simulada) devem ser incorporadas nas viagens a fim de preservar a saúde dos tripulantes.

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Palavras-chave

Adaptação Biológica. Bioastronáutica. Microgravidade. Estação Espacial.

Área

Tema livre

Autores

MARIA LETÍCIA MELLO, MICHELE FERRAZ FIGUEIRÓ