Dados do Trabalho
Título
RESIDUOS LIQUIDOS DE ANALISADORES BIOQUIMICOS: CONDIÇOES DE DESCARTE
Fundamentação/Introdução
Nas últimas décadas, o avanço tecnológico no campo das ciências cresceu significativamente em benefício da população, principalmente na área das análises clínicas, com a inserção de analisadores automatizados. No entanto, na mesma proporção, houve aumento na geração dos resíduos derivados destes equipamentos, classificados como Resíduos de Serviços de Saúde, que, devido a composição dos reagentes, podem ser prejudiciais à saúde humana, animal e ao meio ambiente, caso sejam desprezados de forma inadequada.
Objetivos
Este trabalho se propõe a analisar as condições de descarte de resíduos líquidos derivados de analisadores bioquímicos e o nível de conhecimento e conscientização dos profissionais analistas clínicos.
Delineamento e Métodos
Foi aplicado um questionário com 12 questões dissertativas, enviado via e-mail, com anterior contato telefônico para explanação do intuito do trabalho, o qual tem por finalidade verificar os tipos de equipamentos bioquímicos usados em cada laboratório, a forma de descarte ou destinação dos resíduos líquidos gerados por estes equipamentos, o nível de conhecimento dos profissionais envolvidos em relação à geração dos resíduos e seus possíveis danos à saúde e ao meio ambiente. As variáveis qualitativas e quantitativas foram expressas em percentual, através de estatística básica. Contamos com a participação de 10 laboratórios de análises clínicas do estado Rio Grande do Sul: 6 (Litoral Norte), 1 (Serra Gaúcha), 2 (Região Carbonífera), 1 (Vale do Paranhama).
Resultados
A maioria dos entrevistados reporta ser de responsabilidade da fonte geradora a destinação final dos resíduos, e também acreditam ser importante tratá-los antes do descarte, porém possuem pouco conhecimento sobre os possíveis riscos oferecidos. Com relação à forma de descarte, 80% dos laboratórios desprezam os resíduos na rede de esgoto, e somente 30% destes tratam com hipoclorito para inativação de agentes biológicos antes do descarte na rede de esgoto, e apenas 20% enviam para empresas terceirizadas realizarem tratamento e destinação final.
Conclusões/Considerações Finais
O gerenciamento de resíduos líquidos de equipamentos automatizados ainda é desafiador, ocorrendo de diversas formas, perante a falta de informações dos profissionais de análises clínicas sobre sua composição química, e devido ao não cumprimento das recomendações contidas na RDC nº 306 da ANVISA, pois esta norma regula e define o correto descarte e destinação destes resíduos líquidos.
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Palavras-chave
Resíduos de Serviços de Saúde (RSS), Conscientização, Bioquímica, Meio Ambiente.
Área
Tema livre
Autores
Daniela Gomes de Oliveira, Matheus Guedes Duarte