Dados do Trabalho

Título

GRANULOCITOS IMATUROS NO DIAGNOSTICO PRECOCE DA SEPSE

Fundamentação/Introdução

A sepse induz o recrutamento de neutrófilos imaturos para a circulação. Uma contagem de granulócitos imaturos (IG) superior a 3% demonstrou ser um indicador do risco de sepse.

Objetivos

O objetivo deste estudo foi avaliar o desempenho do percentual de IG como preditor de sepse, comparando com os resultados de hemocultura e de confirmação diagnóstica de sepse.

Delineamento e Métodos

Foi um estudo de coorte retrospectiva. O estudo incluiu indivíduos (n=301) de ambos os sexos com idade ≥ 18 anos, submetidos a exames entre janeiro e novembro de 2017. Para todos os pacientes, foram avaliados o índice de IG e os resultados de hemocultura, bem como a confirmação clínica. Todos os resultados foram obtidos do banco de dados do Laboratório Clínico. Os dados foram analisados através do programa SPSS versão 18.0.

Resultados

Houve associação estatística entre os resultados da hemocultura e o percentual de IG (p= 0,009) e entre a confirmação da sepse e o percentual de IG (p<0,001) pelo teste de Qui-Quadrado de Pearson. O ponto de corte para percentual de IG de 2,0% foi capaz de excluir a sepse com base no diagnóstico clínico com especificidade de 90,9% e sensibilidade de 38,5%. O ponto de corte na análise da curva ROC do IG% com base nos resultados da hemocultura foi de 0,3% e de 0,4% com base no diagnóstico clínico. Para o ponto de corte de IG de 0,3%, foi observada uma sensibilidade de 75,7% e uma especificidade de 45,5% relacionada aos resultados da hemocultura. Quanto ao IG de 0,4% com base no diagnóstico clínico, a sensibilidade foi de 69,8% e a especificidade foi de 29,5%.

Conclusões/Considerações Finais

Nosso estudo demonstrou que os percentuais de IG <2,0% são úteis na exclusão do diagnóstico de sepse com especificidade muito alta (90,9%). Na prática clínica, a implementação do ponto de corte obtido pela curva ROC aumentaria o diagnóstico de falsos positivos, conforme demonstrado pela baixa especificidade (45,5% para IG 0,302% e 29,5% para IG 0,403%). Conclusão: O percentual de IG é um marcador adicional útil para o diagnóstico de sepse, permitindo o início precoce do tratamento e melhores possibilidades de recuperação.

Referências

1. Singer M, Deutschman CS, Seymour C, et al. The third international consensus definitions for sepsis and septic shock (sepsis-3). JAMA - J Am Med Assoc. 2016;315(8):801-810. doi:10.1001/jama.2016.0287.
2. Naffaa M, Makhoul BF, Tobia A, et al. Procalcitonin and interleukin 6 for predicting blood culture positivity in sepsis. Am J Emerg Med. 2014;32(5):448-451. doi:10.1016/j.ajem.2013.12.058.
3. Maenhout TM, Marcelis L. Immature granulocyte count in peripheral blood by the Sysmex haematology XN series compared to microscopic differentiation. J Clin Pathol. 2014;67(7):648-651. doi:10.1136/xxx-2013-000000.
4. Drifte G, Dunn- Siegrist I, Tissières P, Pugin J. Innate immune functions of immature neutrophils in patients with sepsis and severe systemic inflammatory response syndrome. Crit Care Med. 2013;41(3):820-832. doi:10.1097/CCM.0b013e318274647d.
5. Bernstein LH, Rucinski J. Measurement of granulocyte maturation may improve the early diagnosis of the septic state. Clin Chem Lab Med. 2011;49(12):2089-2095. doi:10.1515/CCLM.2011.688.
6. Nierhaus A, Klatte S, Linssen J, et al. Revisiting the white blood cell count: immature granulocytes count as a diagnostic marker to discriminate between SIRS and sepsis--a prospective, observational study. BMC Immunol. 2013;14(1):1-8. doi:10.1186/1471-2172-14-8.
7. Geest PJ Van Der, Mohseni M, Brouwer R, Hoven B Van Der, Steyerberg EW, Groeneveld ABJ. Immature granulocytes predict microbial infection and its adverse sequelae in the intensive care unit. J Crit Care. 2014;29(4):523-527. doi:10.1016/j.jcrc.2014.03.033.
8. Park JH, Byeon HJ, Lee KH, et al. Delta neutrophil index ( DNI ) as a novel diagnostic and prognostic marker of infection : a systematic review and meta-analysis. Inflamm Res. 2017;66(10):863-870. doi:10.1007/s00011-017-1066-y.
9. Kim JW, Park JH, Kim DJ, Choi WH, Cheong JC, Kim Y. The delta neutrophil index is a prognostic factor for postoperative mortality in patients with sepsis caused by peritonitis. PLoS One. 2017;12(8):1-11.
10. Buoro S, Mecca T, Vavassori M, et al. Immature granulocyte count on the new Sysmex XN-9000: Performance and diagnosis of sepsis in the intensive care unit. Signa Vitae. 2015;10(2):54-64. doi:10.22514/SV102.122015.4.
11. Lee CH, Kim J, Park Y, et al. Delta neutrophil index discriminates true bacteremia from blood culture contamination. Clin Chim Acta. 2014;427:11-14. doi:10.1016/j.cca.2013.09.016.
12. Weinbren M, Collins M, Heathcote R, et al. Optimization Of The Blood Culture Pathway: A Template For Improved Sepsis, Management And Diagnostic Antimicrobial Stewardship. J Hosp Infect Sepsis Manag Diagnostic Antimicrob Steward J Hosp Infect. 2017. doi:10.1016/j.jhin.2017.12.023.
13. Ha SO, Park SH, Park SH, et al. Fraction of immature granulocytes reflects severity but not mortality in sepsis. Scand J Clin Lab Invest. 2015;75(1):36-43. doi:10.3109/00365513.2014.965736.
14. Karon BS, Tolan N V., Wockenfus AM, et al. Evaluation of lactate, white blood cell count, neutrophil count, procalcitonin and immature granulocyte count as biomarkers for sepsis in emergency department patients. Clin Biochem. 2017;50(16-17):956-958. doi:10.1016/j.clinbiochem.2017.05.014.
15. Nam M, Son BH, Seo JE, Kim IR, Park CK, Kim HK. Improved Diagnostic and Prognostic Power of Combined Delta Neutrophil Index and Mean Platelet Volume in Pediatric Sepsis. Ann Clin Lab Sci. 2018;48(2):223-230.

Palavras-chave

neutrofilia, sepse severa, biomarcador, infecção aguda