Dados do Trabalho
Título
OTOSSIFILIS: RELATO DE CASO DE UMA APRESENTAÇAO ATIPICA
Introdução
A otossífilis consiste na perda auditiva em pacientes com sífilis, podendo levar à surdez irreversível. Sua incidência é subestimada, uma vez que pacientes com sífilis não são rotineiramente rastreados para alterações auditivas.
Objetivos
Relatar um caso de um paciente com neurossífilis, que cursou com disacusia.
Descrição do caso
A.M.N., masculino, 31 anos, branco, músico, homem que faz sexo com homens (HSH), procurou atendimento médico em agosto/2022 com quadro iniciado há 2 meses de exantema morbiliforme em tronco e membros, associado a linfonodomegalia em cadeia cervical posterior esquerda com cerca de 2cm, indolor. Ausência de febre ou perda ponderal no período. Evoluiu com alteração do timbre de sons mais agudos e de instrumentos de corda bilateralmente. Audiometria e Ressonância Magnética de ouvido e mastoide normais. VDRL 1:128 à admissão e líquor cefalorraquidiano (LCR) com pleocitose de predomínio linfocitário, aumento de proteínas (58 mg/dL), glicose normal e VDRL negativo. Fundoscopia sem alterações. Sorologia para HIV e demais sorologias (rubéola, CMV, EBV e toxoplasmose) negativas. Após tratamento durante 14 dias com Penicilina Cristalina 4.000.000 unidades de 4 em 4 horas, houve resolução completa do quadro.
Conclusões
A otossífilis é uma complicação da sífilis, que pode ser uni ou bilateral, frequentemente associada à rápida progressão e pode levar à perda auditiva irreversível. A gravidade da perda auditiva de alta frequência está relacionada à presença de pleocitose no LCR. Também pode ocorrer acometimento ósseo na fase mais tardia da doença. Deve-se excluir outras causas de surdez neurossensorial e realizar audiometria e punção lombar, sem retardar o início do tratamento. O tratamento é igual ao da neurossífilis, independente do resultado do LCR. Contudo, a presença de pleocitose e/ou VDRL positivo no LCR corrobora o diagnóstico de otossífilis. O paciente do caso relatado apresentou diagnóstico de sífilis com manifestação auditiva atípica, sendo prontamente tratado como neurossífilis, com resolução completa do quadro. Devido à dificuldade de um exame padrão-ouro para o diagnóstico, recomenda-se a necessidade de revisão dos critérios diagnósticos da otossífilis e do rastreio rotineiro de alterações auditivas em pacientes com sífilis.
Palavras Chave
Otossífilis; Surdez neurossensorial; Neurossífilis; Sífilis.
Área
Trabalho
Instituições
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
AUANNA RAQUEL NEVES RODRIGUES, MAURICIO GIMENES MARIN NETO, CARLOS ROGER LIMA DE ALENCAR, MARCOS DAVI GOMES DE SOUZA, VERÔNICA BRITO MELLO