Dados do Trabalho
Título
HEPATITE AGUDA COLESTATICA SECUNDARIA A CRISE TIREOTOXICA POR DOENÇA DE GRAVES
Introdução
A crise tireotóxica é definida como uma exacerbação dos sinais e sintomas do hipertireoidismo, causando disfunção de múltiplos órgãos que pode ser fatal. Como parte do panorama de disfunções orgânicas, embora não seja uma apresentação comum, é descrita a injúria hepática, especialmente de padrão colestático.
Objetivos
Descrever um caso de apresentação atípica de crise tireotóxica com manifestação de hepatite aguda de padrão colestático.
Descrição do caso
Paciente feminina, 43 anos, sem comorbidades prévias, foi referenciada para hospital terciário por quadro súbito de dor abdominal localizada em hipocôndrio direito, icterícia e colúria há 20 dias. Negava febre ou outros sintomas.
À admissão, apresentava-se com bom estado geral, ictérica 3+/4+, afebril, com abdome globoso, depressível, indolor a palpação. Apresentava edema simétrico de membros inferiores, orbitopatia com proptose bilateral, tireoide aumentada de tamanho, fibroelástica. Sem outras alterações ao exame físico.
Exames laboratoriais iniciais: Plaquetas 76.000, RNI 2.61, Bilirrubinas totais 13.7, Bilirrubina direta 7.83, Fosfatase alcalina 173, AST 60, ALT 26, TSH < 0.01, T4L 7.29. Antiperoxidase tireoideana (TPOAb) 2.225 (aumentado), anticorpo anti-receptor de TSH (TRAb) 39.65 (aumentado).
Ultrassonografia de abdome não mostrava evidências de hepatopatia crônica, dilatação de vias biliares ou colelitíase. Colangiorressonância evidenciou “dilatação de veias hepáticas e cava inferior, sem hepatopatia crônica ou dilatação biliar”.
A investigação de outras causas de hepatopatia não resultou em nenhum outro diagnóstico (FAN negativo, anti-HCV e anti-HBV negativos, Anti-LKM1 e anti-músculo liso não reagentes, ceruloplasmina dentro da normalidade). Realizada então biópsia hepática, com achados de “congestão hepática, dilatação sinusoidal, colestase intrahepatocítica”.
Foi iniciado o tratamento com metimazol, propranolol e ácido ursodesoxicólico até melhora clínica para tratamento definitivo com radiodoterapia com Iodo 131. Evoluiu com remissão completa do quadro hepático. Atualmente em seguimento por hipotireoidismo secundário à radioiodoterapia - em uso de levotiroxina 75mcg/dia.
Conclusões
No caso apresentado, houve dúvida quanto à etiologia da hepatopatia, tendo sido necessário biópsia hepática e exclusão de outras causas para atribuição à crise tireotóxica por Doença de Graves. Devido risco de hepatotoxidade pelo metimazol, prescrito o antitireoideano na fase de estabilização somente até o tratamento definitivo com radioiodoterapia.
Palavras Chave
Hipertireoidismo; icterícia; Doença de Graves
Área
Trabalho
Instituições
UNICAMP - São Paulo - Brasil
Autores
NATHALIA AMANDA DE VASCONCELLOS PISCOYA, ANA LUIZA TAVARES MENEZES, ALICE VIANA DE JESUS, DANIELA MITI LEMOS TSUKUMO, CRISTINA ALBA LALLI