Dados do Trabalho
Título
DIAGNOSTICO DE DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA POS-TRANSPLANTE HEPATICO EM PACIENTE EPSTEIN-BARR (EBV) NEGATIVO APOS INFECÇAO POR COVID-19: UM RELATO DE CASO FATAL
Introdução
Doença linfoproliferativa pós-transplante (DLPT) é considerada uma complicação potencialmente fatal secundária a imunossupressão farmacológica observada em pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos. Sua apresentação clínica inespecífica da doença e seu amplo espectro clínico tornam o diagnóstico complexo.
Objetivos
Descrever o caso clínico de paciente com DLPT de órgão sólido, Epstein- Barr (EBV) negativo, pós-COVID-19, admitido em hospital terciário.
Descrição do caso
Homem, 62 anos, submetido a transplante (TX) hepático por cirrose hepática em 2010, em imunossupressão com Tacrolimus. Admitido em hospital terciário em fevereiro de 2022 com síndrome gripal há 15 dias. Evoluiu com síndrome respiratória aguda grave por SARS-COV2, necessitando de cuidados intensivos. Após resolução do quadro viral, com melhora clínica e laboratorial expressiva, manteve episódios febris diários, sem foco infeccioso aparente. Em investigação de febre de origem indeterminada a tomografia computadorizada de tórax e abdome identificou extensa linfonodomegalia supra e infraclavicular, mediastinal, intra-abdominal, pré-vertebral, esplenomegalia e lesões hipodensas em medula óssea. Realizada biópsia de linfonodo supraclavicular com estudo imuno-histoquímico que evidenciou linfoma difuso de grandes células B com imunofenótipo do tipo não centro germinativo e expressão de BCL2 e BCL6. A pesquisa de EBV pelo método da hibridização in situ resultou negativa. Paciente evoluiu a óbito na mesma internação por choque séptico de foco pulmonar.
Conclusões
A DLPT EBV-negativa é incomum e sua etiologia não é bem esclarecida. Pode estar relacionada à infecção por EBV não detectável, por outros vírus não identificados ou causas desconhecidas de estimulação antigênica crônica. No caso em questão, não é possível descartar associação com a infecção por SARS-COV2. Outros fatores de risco para o desenvolvimento da DLPT são o grau de imunossupressão das células T, a droga imunossupressora em uso e o tempo pós-TX. Tacrolimus foi associado a maior risco de malignidade em alguns estudos. Em relação ao tempo, 80% das DLPT ocorrem no primeiro ano após o TX, entretanto, a incidência de tumores não relacionados ao EBV aumenta proporcionalmente ao tempo pós-TX. Logo, independente do tempo pós-TX, diante de um quadro de febre de origem indeterminada, faz-se necessário a investigação e o diagnóstico precoce devido a maior agressividade associada a esse subtipo de linfoma.
Palavras Chave
DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA EPSTEIN-BAR NEGATIVA
DOENÇA LINFOPROLIFERATIVA PÓS-TRANSPLANTE
Área
Trabalho
Instituições
FAMERP - São Paulo - Brasil
Autores
RAVENA CAMPOS CORTES PAIVA, BEATRIZ NICOLAU NASSIF, LUCAS CAROLI CRUZ, BARBARA PAVAN, BRUNO CARDOSO GONÇALVES