Dados do Trabalho
Título
CARDIOMIOPATIA CHAGASICA CRONICA E ACHADOS DA RESSONANCIA MAGNETICA CARDIACA EM PACIENTES ACOMPANHADOS NO AMBULATORIO DE ESTUDOS DA DOENÇA DE CHAGAS (GEDOCH) DA UNICAMP
Introdução
A cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) constitui a consequência de maior risco de vida da infecção pelo Trypanosoma cruzi. Patologicamente, a CCC é caracterizada por aumento da fibrose miocárdica. A ressonância magnética cardíaca (RMC) é uma técnica bem validada para avaliação da fibrose miocárdica.
Objetivos
O objetivo do estudo foi avaliar as associações entre fibrose miocárdica quantificada pela ressonância magnética cardíaca e desfechos em pacientes com CCC.
Delineamento e Métodos
Estudo de coorte prospectivo observacional de pacientes com cardiomiopatia chagásica crônica em tratamento no Ambulatório de Doença de Chagas (GEDoCh) e da Cardiologia do Hospital de Clínicas da Unicamp. A ressonância magnética incluiu imagem cine e mapeamento de T1 da função ventricular do miocárdio, volume extracelular (ECV) e o tempo de vida da água intracelular (ic), medida do diâmetro do cardiomiócito, comparados com a progressão da doença CCC. Uma análise prognóstica exploratória foi realizada para investigar a associação de ECV e ic com morte cardiovascular.
Resultados
Foram incluídos 37 pacientes com CCC de risco intermediário a alto (escore de Rassi ≥7, fração de ejeção (FE) média do ventrículo esquerdo (VE) 32 ± 16%). O ECV miocárdico (0,40 ± 0,07) foi correlacionado com o escore de Rassi (r = 0,43; P = 0,009), maior classe NYHA e FE VE (r = −0,51; P = 0,0015). A ic diminuiu linearmente com a classe NYHA (P = 0,007 para teste não paramétrico de tendência linear) e mostrou associação positiva com fração de ejeção VE (r = 0,47; P = 0,004). Durante um seguimento médio de 734 dias (intervalo: 6-2.943 dias), morte CV ou transplante cardíaco ocorreram em 10 pacientes. A pontuação de Rassi (frequência cardíaca [FC] = 1,3; IC 95% = [1,0, 1,8]; P = 0,028) e ECV (FC = 3,4 para 0,1 alteração, IC 95% = [1,1, 11,0], P = 0,039) foram simultaneamente associados à morte cardiovascular.
Conclusões
Em pacientes com CCC de risco intermediário a alto, o ECV expandido e a regressão do diâmetro dos cardiomiócitos foram associados à piora da função sistólica e da gravidade da IC, respectivamente. Conclui-se que a ECV pode ter valor prognóstico para identificar pacientes com CCC com maior risco de eventos cardiovasculares.
Palavras Chave
Doença de Chagas, ressonância magnética cardíaca, fibrose intersticial, diâmetro do cardiomiócito, insuficiência cardíaca
Área
Trabalho
Instituições
Faculdade de Ciências Medicas da Unicamp - São Paulo - Brasil
Autores
CRISTIANE NARDI GEMME, LUIZ CLAUDIO MARTINS, EROS A DE ALMEIDA, JAMIRO DA SILVA WANDERLEY, OTÁVIO RIZZI COELHO-FILHO