Dados do Trabalho

Título

RELATO DE CASO: PARACOCOCCIDIOIDOMICOSE SUBAGUDA ATÍPICA

Introdução

Paracoccidioidomicose (PCM) é uma doença infecciosa granulomatosa sistêmica, causada pelos fungos Paracoccidioides brasiliensis e P. lutzii. Endêmica no Brasil, incidente em zonas rurais e associada a atividade agrícola, tabagismo e etilismo. Prevalência entre 2ª-6ª décadas e relação H/M 13:1 devido atividade hormonal protetora na mulher; Na forma crônica é comum lesão pulmonar, já na aguda é multissistêmica, principalmente linfático e monocítico-macrofágico simulando doença linfoproliferativa; no trato gastrointestinal mimetiza doença inflamatória intestinal e obstrução (conglomerados linfonodais com compressão extrínseca). Padrão-ouro diagnóstico com confirmação do fungo em cultura, a fresco ou biópsia. Seguimento com sorologia e tratamento com antifúngicos.

Objetivos

Relato de caso de PCM com poliadenomegalia e lesões intestinais.

Descrição do caso

KAA, 43 anos, mulher, natural de Capivari-SP, trabalhava em olaria, etilista social e tabagista. Relata início recente de linfonodomegalia cervical esquerda e odinofagia sem melhora com antibioticoterapia. Evoluiu com linfonodomegalia generalizada, dor epigástrica, fraqueza, lesões cutâneas e hematoquezia, procurando atendimento médico. Internada para investigação de síndrome consumptiva e poliadenomegalia, feita hipótese inicial de linfoma com obstrução extrínseca biliar. Evidenciado anemia e leucocitose eosinofílica; elevação de PCR, transaminases, canaliculares e bilirrubinemia em exames; tomografias contrastadas com esplenomegalia, vesícula biliar realçada, linfonodomegalia intra-abdominal, cervical e torácica. Solicitados exames gerais para investigação, colonoscopia e biópsia de linfonodo cervical. Prescrito dexametasona pela hipótese de linfoma, mas com piora de colestase e ascensão de marcadores de lesão hepática. Colonoscopia evidencia processo inflamatório intenso do ceco ao sigmoide semelhante à doença de Crohn. Posteriormente, resultado de anatomopatológico demonstra fungo da PCM nas duas peças em forma subaguda grave. Iniciado anfotericina B IV isoladamente. Evoluiu com regressão de lesões cutâneas e linfonodos com melhora laboratorial. Alterado tratamento para itraconazol VO com alta e acompanhamento ambulatorial.

Conclusões

PCM é uma doença endêmica brasileira com formas difusas, podendo mimetizar diversos diagnósticos diferenciais comuns, diferenciados por meio da identificação do fungo (biópsia ou a fresco).

Palavras Chave

Paracoccocidiomicose; Poliadenomegalia; Colite fúngica