Dados do Trabalho
Título
MIOPATIA NECROTIZANTE SECUNDARIA AO USO DE ESTATINAS: UM RELATO DE CASO
Introdução
Estatinas atuam inibindo a 3-hidroxi-3-metilglutaril coenzima A (HMG-CoA) redutase e são amplamente utilizadas na prática clínica.Para todas as estatinas, o risco de lesão muscular é maior em doses mais altas, e os sintomas começam dentro de semanas a meses após início.
Objetivos
Relatar o caso de um paciente com desenvolvimento de miopatia necrotizante secundária ao uso de atorvastatina 80 mg/dia.
Descrição do caso
Paciente masculino,75 anos, encaminhado com queixa de fraqueza generalizada há 1 ano , e piora progressiva há 4 meses. Histórico prévio de acidente vascular cerebral (AVC) em 2020, com sequela em membro superior esquerdo, hipertensão arterial sistêmica e marcapasso implantado em Dez/21 após episódio de bradicardia. Em uso de rivaroxabana,atorvastatina, losartana,anlodipino e hidroclorotiazida. Na entrada, acamado,totalmente dependente para atividades básicas e instrumentais. Apresentava disfonia, disfagia, além de fraqueza muscular proximal. Exames externos sem alterações dignas de nota, exceto por CPK de 7759 UI/L. Foi então indicada internação para elucidação diagnóstica e início de tratamento precoce.Tendo em vista quadro de miopatia em progressão, seguiu-se pulsoterapia com metilprednisolona 1g/dia durante 5 dias. Foi solicitada avaliação da equipe neuromuscular,para realização de biópsia muscular, além de exames laboratoriais específicos: aldolase, FAN, auto anticorpos específicos para miopatias inflamatórias e síndrome anti-sintetase e Anti-HMG coa redutase para auxílio no diagnóstico. Foram realizados ainda exames para rastreio neoplásico, podendo ser a miopatia uma manifestação paraneoplasica, todos negativos.Os auto-anticorpos foram negativos, sugerindo origem não autoimune. FAN de 1:160, nuclear homogêneo,aldolase de 33,2 (referência 7,6 U/L), CPK de 10324 UI/L. Realizada então biópsia muscular compatível com miopatia necrotizante aguda não auto imune. Aventada a hipótese de miopatia necrotizante secundária à estatinas. Após pulso de metilprednisolona introduzida prednisona 1mg/kg/dia, com melhora progressiva de força muscular. 1 mês após alta, foi avaliado em consulta ambulatorial, com força muscular grau 4 em todos os membros, deambulando com apoio e sentando-se sozinho. Optado por redução da dose de prednisona para 30 mg/dia e início de metotrexato 12,5 mg/semana e ácido fólico 5 mg/semana.
Conclusões
Paciente com miopatia debilitante, sendo diagnosticado como causa secundária a uso de estatinas após exclusão de diagnósticos diferenciais e confirmação por biópsia.
Palavras Chave
Miopatia-estatina-necrotizante-autoimune-corticoide-pulsoterapia
Área
Trabalho
Autores
ILLANA SILVA DE SOUZA, BRUNA LORDÃO ALVES, YASMIM POLTRONIERI RODRIGUES, FERNANDA QUEIROZ ARATANI, ROBERTO ACAYABA TOLEDO