Dados do Trabalho


Título

CRISE TIREOTOXICA ASSOCIADA A HIPEREMESE GRAVIDICA - RELATO DE CASO.

Introdução

A elevação dos níveis de Beta HCG no primeiro trimestre de gravidez pode causar hiperêmese gravídica e estimular a produção de hormônios tireoideanos, resultando em tireotoxicose transitória, e mais raramente, em crise tireotóxica.

Objetivos

Relatar um caso de tireotoxicose associada à hiperêmese gravídica.

Descrição do caso

Primigesta de 17 anos, IG 14 semanas, com hiperêmese e perda ponderal de 12 kg desde o início da gestação, buscou atendimento após quadro de dor abdominal e síncope. Ao exame físico encontrava-se ictérica, desidratada, afebril, taquicárdica, confusa e com tremores finos. Tireoide fibroelástica, indolor, dimensões normais, sem nódulos palpáveis ou sopros audíveis. Ausência de orbitopatia. US abdominal e obstétrico evidenciaram barro biliar, sem demais alterações biliares ou hepáticas, e desenvolvimento fetal adequado. Hemograma: Hb 9,2 g/dL; Ht 24,6%; VCM 79 fL; Leuc 8.520/mm3; Bastões 341/mm3; Seg 4.942/mm3; Linf 1.789/mm3 e Plaquetas 395.000/mm3. Fç renal: Ur 153 mg/dL; Cr 1,56 mg/dL; Na 125 mmol/L; K 2,77 mmol/L. Fç hepática: TGO 501 U/L, TGP 1324 U/L, BT 2,9 mg/dL. Beta HCG 329.660 mlU/mL. A avaliação tireoidiana resultou em TSH < 0,005 uUI/mL (VR 0,27 a 4,20 uUI/mL), T4 livre > 7,77 ng/dL (VR 0,93 a 1,7 ng/dL), e US de tireóide normal, com volume total de 7,6 cm3. Escore de Burch-Wartofsky: 65 (altamente sugestivo de crise tireotóxica). Levantada a hipótese de crise tireotóxica associada à hiperêmese gravídica, foram prescritos hidratação, correção eletrolítica, concentrado de hemácias, oxigenoterapia, propranolol (40 mg a cada 8h), hidrocortisona (100 mg a cada 8h) e tiamina (200 mg em bolus + 100 mg a cada 6h). Os exames de autoimunidade tireoidiana demostraram TRAb < 0,8 UI/L (VR < 1,75 UI/L), anti-TPO 5,60 UI/mL (VR < 9,0 UI/mL), anti-tireoglobulina < 0,90 UI/mL (VR < 115 UI/mL). Teve alta hospitalar no décimo quinto dia de internação, com resolução dos sintomas e sem uso de beta bloqueadores ou corticoides. Uma semana pós alta estava com TSH 1,37 uUI/mL e T4L 1,23 ng/dL. O parto ocorreu com 38 semanas e 6 dias, o peso de nascimento foi de 2.235g, Apgar 9/9 no primeiro e quinto minuto e TSH dentro do valor de normalidade no Teste de Triagem Neonatal.

Conclusões

Hiperêmese gravídica associada à tireotoxicose gestacional transitória pode em raros casos evoluir para crise tireotóxica, que consiste em uma emergência médica e requer tratamento e monitoramento adequados a fim de evitar morbimortalidade materno-fetal.

Palavras Chave

Crise tireotóxica, tireotoxicose na gestação, hiperêmese gravídica.

Área

Trabalho

Autores

JULIA ZANCO, LUISA RICCETTO, GIOVANA COELHO DE LIMA, DOUGLAS BERNAL TIAGO, ROBERTO BERNARDO DOS SANTOS