XII Congresso Brasileiro de Regulação e 6ª Expo ABAR

Dados do Trabalho


Título

PROPOSTA DE IMPLANTAÇAO DO PLANO DE GESTAO DE PERDAS DE AGUA EM SISTEMAS DE ABASTECIMENTO DA REGIAO AMAZONICA

Resumo

O consumo descontrolado da água tem levado esse recurso natural limitado à sua exaustão, com diversas problemáticas relacionadas à sustentabilidade ambiental hídrica, evidenciadas devido à escassez de água vivida no Brasil nos últimos anos.
Na Região Norte, o índice de perdas de água ainda é preocupante, pois, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS, 2019), do volume de água produzido, em torno de 55.7 % foram perdidos na distribuição, entre perdas reais e aparentes.
Dessa forma, o presente trabalho corrobora com as diretrizes estabelecidas na Lei Nº 14.026/2020, a qual estabelece que os contratos de concessão devam prever, dentre outras metas, a redução e controle das perdas de água, inclusive na distribuição, bem como o estímulo à racionalização de seu consumo pelos usuários.
Diante desse contexto, o trabalho objetiva a implantação de um plano de gestão de perdas de água em sistemas de abastecimento, em conformidade com as particularidades da Região Amazônica. Para isso, o trabalho foi desenvolvido em 3 Fases, sendo a Fase 1 caracterizada pelo levantamento de dados técnicos da pesquisa. A Fase 2 consistiu na caracterização das dificuldades locais para o controle de perdas reais e aparentes. Em seguida, na Fase 3 consta a proposta de implantação do plano de gestão de perdas de água.
Com o desenvolvimento da pesquisa, foi possível constatar os desafios das prestadoras para a implantação de diferentes planos para a redução das perdas de água na Região Amazônica. Além disso, constatou-se que o plano proposto para a gestão de perdas de água, torna-se imprescindível para o atendimento das diretrizes estabelecidas no Novo Marco Legal do Saneamento Básico.

Palavras Chave

Perdas de Água. Fiscalização. Sistema de Abastecimento de Água. Saneamento.

Introdução/Objetivos

O rápido crescimento populacional, a expansão agrícola e industrial, e a expansão urbana acelerada trazem como consequência uma maior utilização dos recursos naturais, introduzindo-lhes modificações e influências. Por outro lado, a quantidade e qualidade da água disponível para abastecimento público atuam como fator determinante no processo de desenvolvimento econômico e social de uma cidade (BARROSO, 2005).
Em face à escassez de água vivida nos últimos anos a boa gestão dos recursos hídricos assume um papel prioritário nas definições de políticas públicas, pois impactam severamente nos diversos setores econômicos da sociedade, no meio ambiente e na qualidade de vida da população (EPA, 2010).
Visando a promoção do uso racional da água, bem como a preservação dos recursos hídricos, destacam-se o controle e a redução de perdas de água no sistema de abastecimento. Assim, o controle de perdas permite a postergação de investimentos em ampliação dos sistemas de produção de água, além de contribuir para melhor análise acerca dos investimentos necessários para a universalização do acesso aos serviços (BRITTO, 2014).
Os índices de perda são uma importante medida da eficiência operacional das companhias de saneamento, já que envolvem áreas distintas do processo. Sua redução acarreta, além dos ganhos ambientais supracitados, ganhos financeiros (redução de despesa e aumento de faturamento) e implica na postergação de novos investimentos para ampliação de sistemas (TSUTIYA, M. T., 2006).
Na Região Norte, o índice de perdas de água ainda é preocupante, pois, segundo dados do Sistema Nacional de Informações Sobre Saneamento (SNIS, 2019), do volume de água produzido, em torno de 55.7 % foram perdidos na distribuição, entre perdas reais e aparentes. As perdas reais são caracterizas se caracterizam pela perda do produto, no caso a água, tratada ou não, nos diversos processos, enquanto as perdas aparentes correspondem ao volume de água consumido, mas não registrado pelos prestadores de serviços de saneamento, decorrente de erros de medição nos hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro comercial. Nesse caso, então, a água é efetivamente consumida, mas não é faturada.
Diante desse contexto, o trabalho objetiva a implantação de um plano de gestão de perdas de água em sistemas de abastecimento, em conformidade com as particularidades da Região Amazônica.

Metodologia

A pesquisa foi desenvolvida para elaboração de um plano de gestão de perdas de água de simples implantação em Municípios da Região Amazônica com elevados índices de perdas de água.
Para isso, o trabalho foi desenvolvido em 3 Fases, sendo a Fase 1 caracterizada pelo levantamento de dados técnicos da pesquisa. A Fase 2 consistiu na caracterização das dificuldades locais para o controle de perdas reais e aparentes. Em seguida, na Fase 3 consta a proposta de implantação do plano de gestão.

Fase 1 – Levantamento de dados técnicos da pesquisa

Nessa Fase foram desenvolvidas pesquisas operacional e literária para a definição dos dados necessários para a elaboração do plano de gestão de perdas de água.

Fase 2 – Caracterização das dificuldades locais para o controle de perdas reais e aparentes

Nos Municípios que são regulados e fiscalizados, serão abordadas as principais dificuldades encontradas pelas prestadoras para o controle de perdas reais e aparentes.

Fase 3 – Proposta de implantação do plano de gestão de perda de água

Nessa seção serão descritos os procedimentos metodológicos empregados em seu desenvolvimento, visando à criação do plano de controle de perdas que leve em consideração as particularidades da Região Amazônica.

Resultados e Discussão

Nessa seção são apresentados os resultados encontrados nas fases experimentais da pesquisa, descritas nos procedimentos metodológicos, para alcançar os objetivos propostos no trabalho.

Fase 1 – Levantamento de dados técnicos da pesquisa

O levantamento das pesquisas operacional e literária resultou na Proposta da International Water Association (IWA), a qual foi elaborada em estrutura de matriz, sendo esquematizados os processos pelos quais a água pode passar em diferentes etapas do sistema de abastecimento de água (Balanço Hídrico).

Fase 2 – Caracterização das dificuldades locais para o controle de perdas reais e aparentes

Nos Municípios que são regulados e fiscalizados, as principais dificuldades observadas para o controle de perdas reais e aparentes das Prestadoras são:
1 – Tecnologia defasa, com número considerável de microssistemas de abastecimento de água compostos por captação subterrânea, ausência de desinfecção, válvulas de retenção, registros, hidrômetro, reservatórios, sendo a vazão captada lançada diretamente na rede de abastecimento de água. Os quadros elétricos costuma existir nessas unidades, pois as bombas operam em média entre 12h e 24h;
2 – A problemática descrita acima dificulta o controle operacional, sendo um dos problemas mais recorrentes a interrupção no sistema, devido aos problemas contínuos no conjunto motor-bomba, além de vazamentos nas redes por conta da ausência de controle de pressão. Em muitos locais, as compras de peças e manutenção do conjunto motor-bomba são realizadas fora do Estado, levando-se de 15 a 30 dias para a normalização do sistema. Nesse período, foi verificada a improvisação de novas setorizações para minimizar a problemática, além de abastecimento por meio de caminhão pipa;
3 – Ausência de macro e micromedição nos microssistemas de abastecimento de água;
4 – Dificuldades para adesão de novos clientes que possuem poços tubulares em residências; e
5 – Descumprimento de metas previstas em Contratos de Programa e em Planos Municipais de Saneamento Básico.

Fase 3 – Proposta de implantação do plano de gestão de perda de água

O Balanço Hídrico tem como parâmetro inicial o volume de água produzido que ingressa no sistema, o qual, no processo de distribuição, pode ser classificado como consumo autorizado ou perdas. O consumo autorizado faz referência ao recurso hídrico fornecido aos clientes autorizados possuindo ou não hidrômetro, enquanto as perdas correspondem à diferença entre o volume de entrada e o consumo autorizado.
Na prática, muitos Municípios da Região Amazônica possuem dificuldades em eliminar os elevados índices de perdas de água. Diante disso, propõe-se a aplicação, conforme procedimentos experimentais da IWA, de limites eficientes para a redução de perdas, tendo-se em vista as características dos limites econômico e técnico, gerando um plano de gestão prático para as problemáticas operacionais.

Na Figura 1 pode ser observada a correlação esperada entre os níveis econômico e mínimo de vazamentos a serem abordados no presente trabalho.

Conclusão

A pesquisa buscou o desenvolvimento de um plano de gestão de perdas abrangendo as dificuldades encontradas em diferentes sistemas de abastecimento de água em Municípios da Região Amazônica, visando à sua aplicabilidade operacional para a redução e controle de perdas físicas, tornando-se um importante instrumento no que tange a melhoraria da eficiência, sustentabilidade hídrica, econômica e social.

Referências Bibliográficas

BARROSO, L.B. Estudo da minimização das perdas físicas em sistema de distribuição de água utilizando o modelo EPANET. Dissertação de Mestrado. 112 p. UFSM, 2005.
BRITO, A.L. Panorama do Saneamento Básico do Brasil. Volume 4. Brasília, 2014. 554 p.
EPA, U.S.E.P.A. Control and Mitigation of Drinking Water Losses in Distribution Systems. 2010.
OLIVEIRA, G.; MARCATO, S.M.; SCAZUFCA, P. Perdas de Água 2020 – Desafios Para Disponibilidade Hídrica e Avanço da Eficiência do Saneamento Básico. São Paulo, 2020.
SNIS – Diagnóstico dos Serviços de Água e Esgotos. Brasília, 2019.
TSUTIYA, M.T. Abastecimento de Água. 3ª ed. São Paulo, 2006. 643 p.

Área

Saneamento básico, recursos hídricos

Instituições

ARCON-PA - Pará - Brasil

Autores

ALDENOR DE JESUS QUEIROZ JUNIOR, ÁLVARO GUILHERME PALHETA AMAZONAS, ROSIMAR BORGES REIS SILVA, ISLIA LIMA DE SOUSA AMORIM, ANDRÉ AUGUSTO PAMPLONA FREIRE