Dados do Trabalho

Título

PERFIL CLINICO E EPIDEMIOLOGICO DOS ACIDENTES POR PARAQUAT ATENDIDOS NO CIATOX/PR ENTRE 2014 A 2023

Fundamentação teórica/Introdução

O Paraquat é um herbicida utilizado para combate de plantas infestantes e como dessecante de culturas. Sua importância toxicológica ocorre devido a alta taxa de letalidade em casos de intoxicação, predominantemente intencionais. Apesar de proibido no país desde 2017, seu uso ainda ocorre de maneira ilegal, fator preocupante visto não possuir antídoto ou tratamento eficaz para as intoxicações.

Objetivos

Analisar o perfil epidemiológico dos acidentes por Paraquat atendidos no Centro de Informação e Assistência Toxicológica do Paraná (CIATox/PR).

Delineamento e Métodos

Trata-se de um estudo retrospectivo de base secundária realizado no CIATox/PR, em Curitiba, no período de julho 2014 a julho 2023. A análise foi realizada por estatística descritiva.

Resultados

A amostra foi composta de 79 acidentes por Paraquat, com predomínio em adultos (92,4%), do sexo masculino (77,2%), em idade produtiva (15-64 anos, 93,7%), por exposição via oral (70,9%), decorrentes de tentativa de suicídio (63,3%). Os acidentes ocorreram com maior frequência nos meses de fevereiro, outubro e novembro (44,3%), na zona rural (54,4%), majoritariamente classificados como graves na admissão (55,7%). Os casos ocorreram predominantemente entre 2017-2020 (62,0%). 88,6% dos casos apresentaram manifestações clínicas, sendo as mais frequentes: vômitos (48,1%), taquicardia (25,3%), náusea (20,2%), dor abdominal e dispneia (17,7%), tendo como principal complicação insuficiência renal (17,7%). 30,4% dos casos tiveram o óbito como desfecho. As terapêuticas mais utilizadas foram a administração de carvão ativado (49,4%), lavagem gástrica (35,4%), corticoterapia (30,4%), hidratação (25,3%) e intubação orotraqueal (24,0%).

Conclusões/Considerações Finais

O acesso facilitado ao herbicida é uma hipótese para o maior número de casos em adultos, do sexo masculino, em faixa etária ativa e de zona rural, ainda, pode-se correlacionar o aumento de casos entre fevereiro, outubro e novembro, com o período de colheita e plantio das culturas. Apesar de ilegal em território brasileiro desde 2017, foi aberta a exceção de uso de estoques até 2020, o que explicaria a redução expressiva dos casos a partir de 2020. As manifestações clínicas concordam com a literatura, sendo majoritariamente gastrointestinais, podendo evoluir para insuficiência renal, falência respiratória e óbito, correlacionados à gravidade, via e circunstância da intoxicação.

Palavras Chave

Paraquat; Intoxicação; Herbicidas.

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