Dados do Trabalho
Título
SIFILIS OCULAR: RELATO DE CASO DE UVEITE POSTERIOR TRATADO COM CEFTRIAXONA
Fundamentação teórica/Introdução
A uveíte sifilítica representa menos de 1% de todos os casos de uveíte, entretanto o Grupo de Estudo Internacional de Sífilis Ocular recomenda que todos os pacientes com uveíte sejam investigados para sífilis. A incidência varia entre 0,6-2,7% do total de infecções podendo ocorrer em qualquer estágio da doença. A uveíte é a manifestação oftalmológica mais comum, particularmente a posterior e panuveíte.
Objetivos
Descrever uma apresentação incomum de sífilis provocando quadro de uveíte posterior tratado com Ceftriaxona;
Delineamento e Métodos
Trata-se de um relato de caso elaborado através do estudo de prontuário e embasado em referências bibliográficas.
Resultados
Mulher, 45 anos, tabagista e sem outras comorbidades com queixa de baixa acuidade visual central, visão turva, dor retrorbital e escotomas há 10 dias em olho direito (OD). Negava dor ou trauma prévio. Há 2 semanas, histórico de vertigem com piora na movimentação associada a náuseas e vômitos. Ao exame oftalmológico, AV 20/25 em olho esquerdo (OE) e conta dedos a 1 metro em OD. Biomicroscopia do fundo de olho (BIO FO) em OD mostrou alteração da coloração macular com drusas perifoveais. Pressão intraocular (PIO) em OE 20 mmHg e OD 27 mmHg. Na investigação etiológica presença de sorologias reagentes para Sífilis (FTA-ABs IgM e IgG, VDRL 1:128) e não reagentes para Toxoplasmose, CMV, HIV, Hepatite B e C. Iniciado tratamento com Ceftriaxona 2g endovenoso (EV) por 14 dias. Após 2 dias do início do antibiótico, apresentou melhora da PIO OD 19 mmHg e OE 15 mmHg e da BIO FO com discreta alteração do brilho macular com drusas perifoveais, sem alteração de cor. Alta hospitalar após 3 dias com continuidade do tratamento em regime hospital dia e seguimento ambulatorial;
Conclusões/Considerações Finais
Embora haja menor experiência com a Ceftriaxona em comparação à Penicilina Cristalina, dados observacionais apoiam o uso da Ceftriaxona para o tratamento da neurosífilis ocular. Em um estudo de 208 pacientes (42 no grupo ceftriaxona e 166 no grupo penicilina), os pacientes que receberam Ceftriaxona eram mais propensos a obter uma resposta clínica ao tratamento (98% versus 76%, respectivamente). Um número semelhante em cada grupo alcançou uma resposta sorológica apropriada aos 6 meses (88 versus 82% para ceftriaxona e penicilina, nessa ordem). Ademais, devido ao desabastecimento da Penicilina cristalina no Brasil, a Ceftriaxona é uma importante opção visto a eficácia similar.
Palavras Chave
Sífilis; Ceftriaxona; Uveíte posterior;
Arquivos
Área
Clínica Médica
Categoria
Relato de Caso
Instituições
Hospital Universitário Cajuru - Paraná - Brasil
Autores
LETICIA ISABELLE CHAVES, EDUARDO ALBANSKE RABONI, CAMILA RODRIGUES FERREIRA, YURI BRITO SHIROMA , MELISSA STEFANY FRIZZO