Dados do Trabalho
Título
Enteropatia perdedora de proteínas (EPP) como manifestação de estrongiloidíase disseminada em paciente portadora de vírus HTLV-1.
Fundamentação teórica/Introdução
A estrongiloidíase é uma helmintíase usualmente indolente, por vezes permanecendo por décadas assintomática. Contudo, pode evoluir para a forma disseminada, particularmente em pacientes imunossuprimidos, seja por causa congênita ou adquirida, tornando-se cenário de diagnóstico desafiador. A infecção pelo vírus HTLV-1 se destaca como fator de risco para coinfecção com o parasita, além de elevar a chance de manifestações severas e potencialmente letais.
Objetivos
Relatar um caso de estrongiloidíase disseminada manifesta como EPP em paciente portadora de HTLV-1.
Delineamento e Métodos
Relato de caso.
Resultados
Paciente feminina, de 39 anos, com quadro de diarreia aquosa há 5 meses associada a perda de peso de 20kg, além de anasarca e fraqueza muscular progressiva, com dificuldade para deambulação e mastigação. Apresentava, ainda, púrpuras e petéquias predominantemente periumbilicais. Ao início do internamento, passou a apresentar episódios de broncoespasmo, além de intercorrências infecciosas e complicações dos distúrbios hidroeletrolíticos.
Em exames laboratoriais, evidenciada hipoalbuminemia severa (1,2 g/dL) e diversos distúrbios hidroeletrolíticos sugerindo desnutrição, além de leucocitose neutrofílica e elevação de marcadores inflamatórios, sem eosinofilia periférica. Realizado exame parasitológico de fezes sem achados, mas que após repetição evidenciou numerosas larvas de Strongyloides stercoralis. Descartadas proteinúria ou disfunção hepática. Sorologias virais positivas para hepatite B, com alta carga viral, e para HTLV-1 em altos títulos.
Endoscopia revelou mucosa atrófica, com duodenite crônica por Strongyloides ao exame anatomopatológico. Colonoscopia com biópsia mostrou infiltrado eosinofílico moderado em toda a mucosa colônica.
Foi submetida a tratamento com ivermectina e albendazol por 3 semanas. Cursou com remissão de todas as manifestações e alterações laboratoriais, recebendo alta com dose mensal de ivermectina durante 6 meses.
Conclusões/Considerações Finais
A estrongiloidíase disseminada tem rara incidência devido ao uso de antiparasitários de maneira profilática previamente à imunossupressão terapêutica. Todavia, deve-se estar atento aos demais fatores de risco, já que pode cursar com manifestações ameaçadoras à vida e apresenta manejo curativo.
Palavras Chave
Estrongiloidíase disseminada; Imunossupressão; HTLV-1; Enteropatia perdedora de proteínas (EPP).
Arquivos
Área
Clínica Médica
Categoria
Relato de Caso
Instituições
Universidade de Pernambuco - Pernambuco - Brasil
Autores
PEDRO AUGUSTO KUCZMYNDA DA SILVEIRA, DANIEL DA COSTA LINS, MOARA MARIA SILVA CARDOZO, HENRIQUE LIMA RODRIGUES ALVES, LARISSA VASCONCELOS ALENCAR COELHO