Dados do Trabalho


Título

ANESTESIA EM PACIENTE PORTADORA DA SINDROME DO QT LONGO

Fundamentação teórica/Introdução

A Síndrome do QT Longo (LQTS) é uma desordem da condução elétrica miocárdica que favorece o desenvolvimento de taquiarritimias do tipo Torsades de Pointes (TdP), podendo gerar síncopes ou degeneração para fibrilação ventricular e morte súbita. Sua etiologia pode ser genética ou adquirida pelo uso de medicações, distúrbios metabólicos ou alterações elétricas.

Objetivos

Relatar o desafio de realizar anestésicos em uma paciente com diagnóstico pré-estabelecido de síndrome do QT longo, com história anterior de morte súbita e inserção de cardiodesfibrilador implantável (CDI).

Delineamento e Métodos

Relato de caso. As informações foram obtidas por meio de revisão de prontuários, entrevista com a paciente antes do ato operatório e resultados do desfecho durante e após o ato operatório.

Resultados

Paciente de 31 anos, feminino, 60 kg, 168 cm, portadora de síndrome do QT longo tipo 3, com história de morte súbita abortada e posterior implante de cardiodesfibrilador implantável (CDI), apresenta-se para realização de rinoplastia. Exames laboratoriais sem alterações e eletrocardiograma demonstrando bloqueio de ramo esquerdo e intervalo QT limítrofe. Optou-se pela realização de anestesia venosa total utilizando Remifentanil e Propofol, com infusão alvo controlada respectivamente pelos modelos de Minto e Fast-Marsh e bloqueio neuromuscular com Rocurônio 0,6 mg/kg. Durante a indução e intubação o opióide foi mantido com alvo de 9,0 ng/ml, sendo posteriormente reduzido conforme estímulo cirúrgico e o hipnótico mantido em 3,0 ng/ml. A paciente permaneceu com manta térmica, sob monitorização com cardioscopia, oximetria de pulso, pressão arterial não invasiva e capnografia, sendo utilizado bisturi elétrico bipolar pelo cirurgião. Foram evitadas medicações que conhecidamente deflagram a LQTS ou possam causar taquicardia, incluindo a solução de infiltração de anestésico local com vasoconstrictor. No intraoperatório foi administrado Cefazolina 1g, Dexametasona 10 mg, Dipirona 2g e Morfina 3 mg. O procedimento durou 90 minutos, sendo administrado 1000 ml de Ringer Lactato. Ao término, a paciente foi extubada e encaminhada para a sala de recuperação anestésica, onde permaneceu sem complicações.

Conclusões/Considerações Finais

Embora ainda conflituante na literatura, o Propofol demonstrou ser uma alternativa segura como agente para indução e manutenção da anestesia na síndrome do QT longo. O conhecimento dos estímulos e dos fármacos capazes de aumentar o intervalo QT, em grande número presente na prática anestésica, é essencial para um desfecho favorável.

Palavras Chave

Anestesia, Cardiologia, Propofol, Remifentanil.

Arquivos

Área

Clínica Médica

Autores

CASSIANA DE MOURA E COSTA, FERNANDO BRANCO PRATA LOES, GABRIELA LARSSEN , GABRIELA ZANETTE THOME , MARIA EUGÊNIA NOGUEIRA HORN