Dados do Trabalho

Título

Carcinoma papilifero em ducto tireoglosso como sítio primário: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

A glândula tireoide surge na terceira semana de desenvolvimento embriológico, desce com um divertículo bilobado para permanecer em sua topografia ventral à traqueia ao redor da sétima semana. O cisto de ducto tireoglosso (DT) resulta de uma falha na obliteração do ducto embrionário produzido durante a migração da tireoide em direção à sua situação tópico. Neoplasias associadas ao DT são raras e constituem menos que 1% dos cânceres de tireoide.

Objetivos

Relatar o caso de neoplasia do ducto tireoglosso, local raro de neoplasia como sítio primário, evidenciando a importância clínica dos sintomas para o diagnóstico correto.

Caso

Paciente masculino, 47 anos, procurou atendimento por disfagia de inicio há 6 meses com caráter progressivo, associado à dispneia e dispepsia. Referiu também episódios de calor e hiperemia em região de faringe sendo medicado inúmeras vezes com antibioticoterapia com suspeita de infecção amigdaliana, apresentando melhora temporária do quadro que retornava em poucos dias. Relata também que há 4 meses houve aparecimento de nódulo em região submentoniana, que aumentou progressivamente de tamanho desde entao. Paciente previamente hígido, negou comorbidades e tabagismo/etilismo. Ao exame físico notou-se um abaulamento em nível 1A à esquerda com consistência cística e aumento do volume de glândula sublingual à esquerda. Foi solicitado uma ultrassonografia de pescoço, onde foi encontrado formação expansiva de aspecto cístico associada a calcificações em seu interior, além disso não haviam alterações significativas em tireoide e cordas vocais. Para complemento de investigação foi realizado uma tomografia computadorizadas de pescoço, com extensa lesão cística no assoalho bucal, com finas separações internas e foco de calcificações grosseiras que se estendiam para espaço sublingual, submentoniano e submandibular esquerdo. Foi optado por ressecção cirúrgica e estudo anatomopatológico que evidenciou carcinoma papilifero de cisto tireoglosso com tecido tireoidiano ectopico infiltrado.

Conclusões/Considerações finais

A malignidade no ducto tireoglosso é de apenas 2%, sendo que a presença de carcinoma papilifero neste local tem incidência menor que 1%. Os sintomas são os mesmos de lesões benignas ou malignas, o que só vai ser diferenciado pelo anatomopatológico pós operatório. Alguns autores consideram como uma metástase de carcinoma de tireoide, por outro lado 60% das peças apresentam tecido tireoideano ectopico, falando a favor de neoplasia primária.

Palavras-chave

Ducto tireoglosso ; neoplasia; papilifero

Área

Clínica Médica