15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

HEPATITE AUTOIMUNE ASSOCIADO À VASCULITE CRIOGLOBULINÊMICA: RELATO DE CASO

Introdução/Fundamentos

A crioglobulinemia é uma vasculite de pequenos e médios vasos que acomete pele, articulações, sistema nervoso periférico e rins. Já a hepatite autoimune (HAI) é um processo necroinflamatório crônico mediado por autoanticorpos, cuja associação com crioglobulinemia é pouco descrita.

Objetivos

Descrever o caso de paciente que iniciou o quadro de crioglobulinemia associada à HAI.

Caso

Mulher, 27 anos, foi admitida no serviço de clínica médica queixando-se de lesões eritemato-violáceas, fraqueza nos membros inferiores e artralgia em punhos e tornozelos há seis meses. Ao exame físico, apresentava lesões purpúricas palpáveis e manchas hipercrômicas residuais nos membros inferiores. Como a paciente apresentava vasculite cutânea, artralgia e elevação de VHS, pensou-se na hipótese de vasculites e foi solicitado fator reumatoide que foi elevado, FAN com resultado de 1/160, C3 normal, C4 consumido, Anti-DNA e Anti-SM negativos. A pesquisa de crioglobulinas séricas foi positiva. Dessa forma, a paciente fechou o diagnóstico de vasculite crioglobulinêmica e a biópsia de pele mostrou vasculite leucocitoclástica, compatível com tal diagnóstico. Os exames admissionais também evidenciavam aumento de TGO e TGP que foram 291 U/L e 380 U/L, respectivamente. A paciente negou etilismo prévio, uso de medicamentos recentes e pesquisa de hepatite B e C foi negativa. Como a paciente era jovem, com elevação de transaminases, sorologias negativas para hepatites, sem ingesta alcoólica e FAN positivo, pensou-se em HAI e solicitadas imunoglobulinas que foram elevadas, além de LKM1 e Anti músculo liso não reagentes. A biópsia hepática evidenciou hepatite de interface subaguda com moderado infiltrado linfoplasmocitário. A paciente então fechou 19 pontos pelos critérios diagnósticos do grupo internacional de HAI, classificada como “diagnóstico definido de HAI”. Iniciado tratamento com prednisona e azatioprina para as duas condições. Após um mês de tratamento, a paciente apresentou regressão da vasculite cutânea e normalização de transaminases e do VHS.

Conclusões/Considerações finais

A associação de crioglobulinemia com vírus C está bem documentada, sendo esta a principal causa de alteração hepática nessa vasculite. Já a associação de crioglobulinemia com HAI é rara. Paciente com essa vasculite sistêmica que apresenta alterações hepáticas e sorologia para o vírus C negativa, a HAI é uma possibilidade diagnóstica como neste caso. Essa associação indica uma autoimunidade exacerbada nesse perfil de paciente.

Palavras-chave

autoimmune hepatitis, cryoglobulinemia

Área

Clínica Médica

Autores

Maria Teresa de Souza Portela Leal, Jessika Melo Leão Bezerra, Rebeka Lapenda de Souza, Ana Carolina Borges de Miranda Souza, Stefano Ramos Farias Leite, Pedro Alves da Cruz Gouveia