Dados do Trabalho
Título
DOENÇA DA FOLHA VERDE DO TABACO (DFVT): SUA RELAÇÃO COM A SAÚDE RESPIRATÓRIA DO TRABALHADOR.
Fundamentação/Introdução
O cultivo do tabaco (fumicultura) destaca-se pelo trabalho árduo e pelo contato direto com agrotóxicos em diferentes fases do cultivo, o qua conciliado a exposição a cotinina traz inúmeros problemas na saúde dos agricultores. Desta forma, o processo saúde-doença para esta ocupação é definida como Doença da Folha Verde do Tabaco (DFVT), que é caracterizada pela absorção da nicotina pela pele no período da colheita, culminando no estímulo ou inibição de receptores no sistema nervoso central que leva a um quadro clínico de vômitos, náuseas, tonturas, cefaleia e cólicas abdominais.
Objetivos
Avaliar a correlação da doença da folha verde do tabaco (DFVT) em plantadores de fumo/tabaco com a saúde respiratória dos fumicultores.
Delineamento e Métodos
Estudo de natureza descritiva, intervencionista, quali/quantitativa. Foram avaliados 40 fumicultores do município de Mafra/SC durante a fase de colheita do tabaco. As principais variáveis investigadas foram: perfil sociodemográfico (através de questionários); informações laborais (observação); avaliação da capacidade/função respiratória (PeakFlow, manuvacuômetria e Voldyne); e avaliação dos níveis séricos de cotinina (laboratorial). As análises estatísticas em GraphPadPrism.
Resultados
Sobre amostra (n-40) de fumicultores: 57,5% trabalham mais de 40h semanais; 97,5% relatam fazer uso de EPIs, porém apenas 75% utilizam durante a aplicação dos agrotóxicos e 95% relatam estar cientes dos riscos dos agrotóxicos. Em relação as concentrações séricas de cotinina constatou-se que 65% apresentaram dosagem inferior e 35% superior a 25ng/ml, respectivamente. Isto comprova que os sintomas da DFVT são independente dos valores séricos de cotinina. Porém, quando avaliada a capacidade/função respiratória individualmente, houve uma diminuição na capacidade do fluxo expiratório (PeakFlow de 435,37 (considerando média de valor predito de 512,55)), esta diminuição também foi evidente para força muscular inspiratória e expiratória (PEMAX foi de 92,72 (valor de referência 100cmH2O).
Conclusões/Considerações finais
Os resultados aqui indicam que supostamente a nicotina e/ou cotinina não seja um fator determinante para os sinais e sintomas da DFVT, assim como, não está associada as alterações das condições/parâmetros respiratórios. Porém, evidencia alerta para a capacidade/função respiratória, os quais, podem indicar a consideração de outros fatores e risco associados. Desta forma, revela-se a importância de trabalhos descritivos desta ocupação, para que assim, medidas de saúde preventiva possam ser realizadas.
Palavras-chave
Medicina do trabalho. Medicina preventiva. Fumicultura.
Área
Clínica Médica
Instituições
Universidade do Contestado - Santa Catarina - Brasil
Autores
Isabel Petters, Cássia Daianny Gmach Canani, Arthur Cella, Chelin Auswaldt Steclan, Jaqueline Sueli Horodeski