15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

CRISE ADRENAL POR EVENTO TROMBÓTICO EM PACIENTE COM SÍNDROME DO ANTICORPO ANTIFOSFOLIPÍDEO (SAAF) REFRATÁRIA AO TRATAMENTO

Introdução/Fundamentos

A crise adrenal é uma complicação da insuficiência adrenal, agravada por hipotensão severa e hipovolemia, e de alta mortalidade sem diagnóstico precoce. Na maioria dos pacientes com SAAF, cursa com hemorragia ou trombose adrenal bilaterais, sendo rara em vigência de anticoagulação.

Objetivos

Relatar um caso raro de crise adrenal em paciente com SAAF refratária ao tratamento.

Caso

Paciente de 59 anos, sexo feminino, branca, hipertensa, em uso de varfarina por SAAF diagnosticada há 6 anos após 2 episódios de trombose venosa profunda, mantendo RNI em alvo terapêutico desde então. Encaminhada ao hospital por astenia e adinamia progressivas há 2 meses. Referia perda global de força em extremidades e dispneia aos pequenos esforços, limitando significativamente as atividades diárias. Relatava, ainda, dor abdominal difusa, inespecífica, associada a náuseas, vômitos e diarreia sem elementos patológicos. Ao exame físico, apresentava mucosas hipocoradas e desidratada, raciocínio e fala lentificados, temperatura axilar 37,6ºC, pressão arterial 100/70 mmHg (mesmo após suspensão dos anti-hipertensivos de uso prévio), e hipotensão postural aferida. Apresentava dor à palpação abdominal, sem sinais de peritonismo, e presença de máculas hiperpigmentadas novas em mãos e lábios, além de múltiplos nevus de íris. Exames laboratoriais revelavam anemia normocítica normocrômica, provas inflamatórias elevadas, hiponatremia e hipercalemia. Cortisol sérico coletado ainda na emergência 2,0 µg/dL e ACTH 1250 pg/mL. Iniciado manejo para crise adrenal, com hidratação vigorosa e hidrocortisona em dose de estresse. Tomografia em protocolo de adrenal identificou atrofia adrenal esquerda (provável evento trombótico/hemorrágico prévio) e aumento do volume adrenal à direita, sugerindo evento trombótico/hemorrágico recente. Evoluiu com rápida melhora clínica, mas, após a primeira semana de tratamento, iniciou quadro compatível com anemia hemolítica e acometimento neurológico atribuídos à SAAF. Utilizou-se prednisona em dose imunossupressora e, após, imunoterapia como opção à refratariedade, apresentando remissão dos sintomas, com posterior correção da anemia e retorno à funcionalidade da paciente.

Conclusões/Considerações finais

Embora amplamente conduzida em alvo terapêutico padrão, a SAAF tem sido relacionada a tromboses refratárias à anticoagulação em até 30% dos casos. Alvos de RNI mais elevados ou mesmo imunoterapias podem ser alternativas para esses casos.

Palavras-chave

Palavras-chave: Crise adrenal; Síndrome do Anticorpo Antifosfolipídeo; Infarto adrenal; Refratária; Tratamento;

Área

Clínica Médica

Instituições

Hospital São Lucas da PUCRS - Escola de Medicina da PUCRS - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Laura Brum Raguzzoni, Evelise Mileski Amaral Berlet, Marina Anzolin, Gabriela Heiden Teló