Dados do Trabalho
Título
Complexo de Von Meyenburg — Relato De Caso
Introdução/Fundamentos
CVM são hamartomas biliares, histologicamente apresentando-se como dilatações císticas dos ductos biliares envolvidas por abundante tecido fibroso. São lesões benignas raras, assintomáticas, com descoberta incidental por imagens. Podendo estar associado a doença de Caroli, fibrose hepática congênita, fígado e rins policísticos. Em autópsias varia de 0,6% a 2,8%. Em imagens: cistos de 1 mm a 15 mm e múltiplos. US variando entre cistos hipoecogênicos ou hiperecogênicos com periferia hipoecogênica (“em alvo”) e hiperecogênicos com reverberação sonora posterior (cristais de colesterol, confundidas com metástases hepáticas). Tomografia Computadorizada revela cistos hipoatenuantes, sem mudanças com contraste. RNM apresenta cistos hipoatenuantes em T1 e hiperatenuantes em T2 sem restrição de difusão. Anatomopatológico é o padrão ouro para diagnóstico. Geralmente benigna mas pode transformar-se em Colangiocarcinoma necessitando de acompanhamento do paciente.
Objetivos
Relatar caso de uma rara condição denominada Complexo de Von Meyenburg e discutir as comorbidades associadas na paciente do caso.
Caso
Z.R.C., sexo feminino, 49 anos, portadora de Doença de Crohn (DC) há 20 anos em uso de infliximabe, em remissão da doença, apresentou Trombose de veia mesentérica superior (TVMS) há pouco mais de um ano tratada com anticoagulação oral com sucesso. Ao ultrassom (US) de abdome total com sinais de hepatopatia crônica e esplenomegalia. À Endoscopia Digestiva Alta mostrou varizes esofágicas de médio calibre. Testes de função hepática, sorologias virais e demais investigação de hepatopatia crônica sem alterações. Devido alfafetoproteína de 11ng/ml, foi solicitada a Ressonância Magnética (RNM) do abdome superior com contraste hepato-específico a qual identificou inúmeras imagens nodulares no parênquima hepático, de aspecto indeterminado. Realizada biópsia hepática guiada por US a qual definiu o diagnóstico como Complexo de Von Meyenburg (CVM).
Conclusões/Considerações finais
CVM entra como diagnóstico diferencial de lesões hepáticas, sendo necessário elevado grau de suspeição para a sua diferenciação. Por sua relativa raridade tal enfermidade é pouco ponderada na pratica clínica, podendo causar abordagens invasivas, gerando gastos e sofrimento psíquico do paciente. A ausência de cirrose hepática na histologia nos faz pensar em hipertensão portal secundária à TVMS
prévia da paciente e esta, consequente à trombofilia causada pela DC.
Palavras-chave
Gastroenterologia; Complexo-de-von-meyenburg; doença-de-crohn; trombose-de-mesenterica-superior; hepatologia.
Área
Clínica Médica
Autores
EDUARDO AFONSO TAVARES, Caroline Linhares Wiggers, Thiago Meller Burigo, Larissa Felcar Hill, Guilherme Fretta Ramos