15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Endoftalmite fúngica endógena em paciente imunocompetente

Introdução/Fundamentos

A endoftalmite fúngica endógena é uma infecção incomum, sendo a maioria dos casos associados a condição sistêmica predisponente e fatores de risco. Muito raramente pode ocorrer em pessoas saudáveis e sem fatores de risco.

Objetivos

Relatar um caso de endoftalmite bilateral por C. Albicans em paciente imunocompetente sem fatores subjacentes

Caso

Paciente masculino, 43, procurou ambulatório de oftalmologia com queixa de embaçamento visual e fotofobia em olho esquerdo (OE). Negava dor, traumas ou cirurgias oftalmológicas prévias. Apresentava acuidade visual de 20/20 em OD e 20/30 em OE. Biomicroscopia de OE com 1+ de cél e edema em íris, visualização dos vasos irianos no local e ao fundo de olho com vitreíte leve e lesões exsudativas retinianas periféricas não confluentes. Investigação sorológica descartou sífilis, HIV, hep B e C, toxoplasmose e herpes com IgG, além de provas reumatológicas negativas. Com quadro clínico sugestivo de necrose aguda de retina (retinite viral), foi optado por tratamento com valaciclovir e manutenção posterior com aciclovir. Evoluiu com vitreíte 4+ e hemorragia vítrea. Internado para aciclovir EV e alta com fanciclovir, com melhora parcial da vitreíte. Neste período, referiu embaçamento visual em OD com acuidade visual de 20/40 e vitreíte 1+. Evoluiu para descolamento de retina em OE, realizando vitrectomia via pars plana, porém houve perda da visão. O OD apresentou lesão exsudativa nasal superior e biópsia vítrea com cultura positiva para Candida albicans. Demais culturas sem crescimento. Iniciado fluconazol oral e voriconazol intravítreo, apresentando resposta inicial, porém piora importante da vitreíte após 3 semanas, optado por vitrectomia em OD. Sem melhora do quadro, decidiu-se internamento para anfotericina complexo lipídico e anfotericina intravítrea. Houve melhora das lesões retinianas, porém evoluiu com extensa exsudação sub-retiniana, vasculite difusa, áreas isquêmicas, neovasos de íris e acuidade visual para 20/100. Realizado infusão de anti-angiogênico (aflibercept) intravítreo e panfotocoagulação difusa, com redução importante da neovascularização e da exsudação sub-retiniana. No momento, encontra-se em acompanhamento ambulatorial sem medicação sistêmica, com visão de 20/60.

Conclusões/Considerações finais

A endoftalmite endógena por Candida é geralmente diagnosticada por lesões oculares típicas em pacientes com fatores predisponentes. Assim, o diagnóstico clínico dessa condição pode se tornar desafiador em pacientes imunocompetentes e sem fatores subjacentes.

Palavras-chave

enfoltalmite endógena; endoftalmite fúngica endógena; infecção por Candida em imunocompetente; endoftalmite por Candida

Área

Clínica Médica

Autores

Karina Ayana Matioli Inoue, Juliana Dantas, Glaucio Luciano Bressanim, José Eduardo Panini, Elias Pereira da Silva, Natália Dantas Alczuk