15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Cistite Glandular Associada À Metaplasia Intestinal Com Extravasamento de Mucina.

Introdução/Fundamentos

A mucosa vesical, diante agressão crônica, sofre modificações inicialmente não patológicas, mas na perpetuação, pode apresentar distúrbios proliferativos, dentre eles a metaplasia glandular, na qual seu subtipo histológico produtor mucina é denominado intestinal. A doença acomete predominantemente homens aos 50 anos e possui um quadro assintomático ou inespecífico, sendo debatida sua relação com adenocarcinomas.

Objetivos

Relatar um caso de cistite glandular (CG) com metaplasia intestinal, bem como discutir sua importância diagnóstica e debater sua relação com adenocarcinoma.

Caso

Homem, 32 anos, apresentando disúria e epigastralgia há 4 meses. Relatou uso prévio de ciprofloxacino e sulfametoxazol-trimetropina para tratamento de infecção de trato urinário sem sucesso há 1 mês. Recebeu novamente esquema terapêutico empiricamente com Ciprofloxacino, porém, retornou após 15 dias com os mesmos sintomas. Apresentava exames laboratoriais sem particularidades, bem como urocultura e sorologias para HIV, sífilis e hepatites negativos. Ultrassonografia de vias urinárias demonstrava lesão sólida cística de 3,8 cm de diâmetro na bexiga. Realizada ressecção transuretral de bexiga, com retirada da lesão de assoalho vesical. A biópsia demonstrou ninhos de Von Brunn e formações glandulares com revestimento epitelial colunar, além de áreas com epitélio mucossecretor. Não havia atipias citológicas significativas, mas notava-se mucina extracelular. Estudo imuno-histoquímico revelou expressão de citoceratina 7, citoceratina 20 e CDX2, comprovando a presença de CG associada à metaplasia do tipo intestinal com extravasamento de mucina. Após RTU, paciente evoluiu com melhora dos sintomas e seguiu em acompanhamento ambulatorial sem recidiva de lesões.

Conclusões/Considerações finais

A CG é uma condição benigna, porém, sua sintomatologia sobrepõe-se a diversas injúrias urinárias. Por sua manifestação macroscópica permitir uma mimetização neoplásica, o afastamento de uma condição maligna é essencial, havendo, ainda, inúmeros fatores predisponentes e agravantes compartilhados pelos mesmos, mesmo não havendo vínculo molecular entre tais condições. Casos graves ou refratários não possuem muitas opções terapêuticas. Na tentativa de melhorar esse cenário interrogativo, novas modalidades terapêuticas e diagnósticos precoces relacionados à marcadores imunohistoquímicos, como o CDX2, mostram-se essenciais.

Palavras-chave

Cistite; Metaplasia; Procedimentos cirúrgicos urológicos

Área

Clínica Médica

Autores

Guilherme Henrique Silva Fogaça, Rariane Bernardino Marani, Rebecca Fiorelli Lima, Nayara Paula Passarin, Mauricio Figueiredo Lima Marchese, Tiago Ferrari