15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Gota: relato de uma doença descompensada há 32 anos.

Introdução/Fundamentos

A artrite gotosa ou gota é uma artropatia inflamatória desencadeada pelo excesso de ácido úrico que se deposita na forma de cristal de urato monossódico nas articulações. Classificada em hiperuricemia assintomática, artrite gotosa aguda monoarticular, período intercrítico e gota tofosa crônica, tem seu pico de incidência no fim da terceira e no início da quarta década de vida com predomínio do sexo masculino. Pacientes com obesidade, hipertensão arterial sistêmica, etilismo, uso de diuréticos e síndrome metabólica apresentam maior risco de desenvolver a doença. O diagnóstico é estabelecido pela avaliação clínica e laboratorial, sendo o padrão-ouro a análise do líquido sinovial. O tratamento, na fase aguda, é realizado com anti-inflamatórios não-esteroidais, colchicina ou corticosteroides, associado a mudança no estilo de vida, reduzindo alimentos ricos em purinas, como frutos do mar e carne vermelha, além da cessação do etilismo. Já na fase de manutenção, utiliza-se uricosúricos ou alopurinol para o controle da hiperuricemia.

Objetivos

Relatar um caso clínico de gota tofosa crônica com padrão poliarticular.

Caso

: F.C, masculino, 48 anos, caucasiano. Paciente em acompanhamento na Policlínica Municipal de Especialidades Médicas em Lages -SC devido a quadro de artrite gotosa. Aos 16 anos, apresentou dores intensas de início súbito principalmente à noite em hálux esquerdo, associadas a edema, rubor e calor local, não acompanhado de manifestações sistêmicas. Durante dois anos permaneceu assintomático. Ao retornarem os sintomas, mais áreas foram acometidas, como o tornozelo esquerdo e demais dedos do pé esquerdo, recebendo o diagnóstico de artrite gotosa aguda, sendo prescrito colchicina, alopurinol e orientações sobre dieta e necessidade de cessar a ingesta de álcool. Devido à má adesão ao tratamento proposto, o paciente desenvolveu um padrão poliarticular das lesões, acometendo joelhos, cotovelos, punhos e dedos, bilateralmente, formando depósitos de urato monossódico nesses sítios. Paciente atualmente, hipertenso, depressivo, ex-etilista (cessou há 1 ano), segue apresentando crises álgicas diárias que não melhoram com o uso de anti-inflamatórios e opióides.

Conclusões/Considerações finais

Devido a necessidade de ampliarmos nossos conhecimentos médicos para melhor atendermos nossos pacientes, devemos fomentar a discussão sobre casos com curso da doença inesperado, seja por uma má adesão ao tratamento ou por uma má prescrição deste.

Palavras-chave

tofo gotoso; hiperuricemia; urato monossódico.

Área

Clínica Médica

Autores

Rafael Tortato Fernandes, Thaelis Tortato Fernandes, Bruno Seligmann Rodrigues, Lucas Mazzochi Sens