15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Hepatite aguda induzida por suplemento emagrecedor a base de ervas

Introdução/Fundamentos

A hepatite medicamentosa é uma lesão hepática causada por ingestão, inalação ou administração parenteral de agentes farmacológicos ou químicos. Constitui um efeito adverso raro, mas significativo, já que cerca de 10% das hepatites agudas internadas, e 25% das hepatites fulminantes, têm etiologia medicamentosa. Várias ervas de uso rotineiro produzem lesões hepáticas, em virtude de ser o fígado o principal responsável pelo metabolismo e excreção destas substâncias.

Objetivos

A propósito do crescente número de hepatites medicamentosas identificadas na prática clínica, os autores apresentam um caso de hepatite aguda secundária ao uso de suplemento emagrecedor a base de ervas.

Caso

Paciente, 28 anos, referida a nosso serviço com história de dor em hipocôndrio direito com irradiação para o dorso, vômitos e febre há 6 dias da admissão além de exames laboratoriais com aumento de bilirrubinas (bilirrubina total: 2,5 mg/dL e bilirrubina direta: 1,9 mg/d), transaminases (TGO: 412 U/L e TGP: 682 U/L) e enzimas canaliculares (Fosfatase alcalina: 316 U/L e Gama GT: 654 U/L), sendo aventada a hipótese de coledocolitíase. Foi solicitada ultrassonografia de abdome que demonstrou colelitíase mas ausência de dilatação de vias biliares intra e extra hepáticas.
Como paciente evoluiu com piora de transaminases (TGO: 727 U/L TGP 1024 U/L) e sem evidência de obstrução de via biliar foi aventada a hipótese de hepatite e como referia início de medicamento para emagrecer a base de ervas (blueelife / Composição: Hibisco, Sene, Chá verde, Aloe e vera, Passiflora, Garfinea, Psylium, Melissa, Carqueja, Calunga e Hipérico) cerca de 15 dias antes do quadro clínico e as sorologias para hepatites virais realizadas durante internamento foram negativas a principal hipótese diagnóstica ficou como hepatite medicamentosa.
Foi orientado descontinuação da droga e a paciente evoluiu com melhora clínica e laboratorial.

Conclusões/Considerações finais

O diagnóstico das hepatites medicamentosas é preponderantemente clínico e de difícil comprovação, em virtude da ausência de manifestações clínicas e bioquímicas específicas, sendo necessária grande suspeição e a exclusão de outras patologias. A suspensão imediata do agente responsável é ainda a melhor opção terapêutica, devendo-se evitar a sua reintrodução, ou mesmo a administração de substâncias com estruturas químicas semelhantes, em virtude do risco de se desencadear doença hepática grave, às vezes com evolução fatal.

Palavras-chave

Hepatite aguda; Hepatite medicamentosa; Suplemento emagrecedor; Suplemento a base de ervas

Área

Clínica Médica

Autores

Joyce Santana do Nascimento, Yally Priscila Pessoa do Nascimento, Fernão Henrique Costa e Alvim, Cynthia Martins Sampaio de Lacerda, Poliana Silvestre Cordeiro, Mateus Couto Tavares Feitosa