Dados do Trabalho
Título
Hepatite colestática secundária ao uso de Sulfametoxazol-Trimetoprim: relato de caso
Introdução/Fundamentos
Introdução/Fundamentos: O Sulfametoxazol-Trimetoprim (SMX-TMP) é um antibiótico de compostos sinérgicos utilizado no tratamento de inúmeras infecções. Seu efeito hepatotóxico é raro e pouco elucidado na literatura.
Objetivos
Objetivos: O propósito do presente relato é suscitar a discussão sobre a hepatotoxicidade proveniente da administração do SMX-TMP, descrevendo suas manifestações clínicas e diagnóstico.
Caso
Caso: J.E.O.C.T, masculino, 16 anos, foi admitido com quadro de anorexia, náuseas, icterícia e prurido difuso. Há 10 dias, apresentou-se com gastroenterite, sendo prescrito SMX-TMP por 5 dias. O exame laboratorial evidenciou elevação de marcadores hepáticos: bilirrubina total (5 mg/dL), bilirrubina conjugada (2,9 mg/dL), aspartato aminotransferase (87 IU/L), alanino aminotransferase (216 IU/L), fosfatase alcalina (158 IU/L) e gamaglutamiltranspeptidase (45 IU/L). Etiologias virais foram descartadas, VDRL negativo e constatou-se hepatomegalia leve ao ultrassom abdominal. O prurido tornou-se persistente e progressivo, sendo iniciada nova investigação com colangiorressonância e pesquisa de causas autoimunes, ambas sem alterações. O paciente foi irresponsivo ao ácido ursacólico e dexclorfeniramina. Evolução com queda do estado geral, piora do prurido, elevação dos níveis de bilirrubina (pico de 15,6 mg/dL) e tempo de coagulação alargado. Foi readmitido no hospital por febre, prostração e dor abdominal, sendo realizado triagem para hemocromatose, doença de Wilson e deficiência de alfa-1 antitripsina, todas negativas. O prurido refratário foi controlado após associação de naltrexone e colestiramina. A biópsia hepática revelou colestase acentuada – predominantemente canalicular e centrolobular –, arquitetura lobular preservada e ausência de atividade inflamatória ou fibrose. Posteriormente, foi instituído tratamento com prednisona 40 mg/dia por 7 dias, com melhora importante do estado geral. Após alta, houve evolução satisfatória do perfil clínico e laboratorial, tornando-se assintomático 2 meses depois.
Conclusões/Considerações finais
Conclusões/Considerações finais: A ocorrência de colestase secundária ao uso de SMX-TMP é uma desordem rara, sendo descritos pouco mais de dez casos na literatura. O efeito causal entre a droga e as condições clínicas apresentadas pelo paciente só se evidenciam a partir de uma ampla investigação para exclusão de outras causas etiológicas, sendo confirmado através da associação da biópsia hepática aos parâmetros clínicos, laboratoriais e imaginológicos avaliados.
Palavras-chave
Sulfametoxazol-Trimetropim; Hepatite-colestática; Hepatotoxicidade; Prurido.
Área
Clínica Médica
Instituições
Universidade Federal de Juiz de Fora - Campus Governador Valadares - Minas Gerais - Brasil
Autores
Marina Gonçalves Vieira, Marina Fernandes Carvalho, Marina Carvalho Souza Côrtes