15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Acidente vascular encefálico hemorrágico em criança de 12 anos: um relato de caso

Introdução/Fundamentos

O acidente vascular encefálico (AVE) hemorrágico na infância tem incidência de 1,1 caso em 100.000. Desses, 80% são intraparenquimatosos e apresentam altas taxas de morbimortalidade. A apresentação dessas lesões difere substancialmente em relação à faixa etária adulta no que refere a localização, incidência, tamanho e fatores de risco.

Objetivos

Relatar o caso de uma paciente jovem que apresentou hemorragia encefálica intraparenquimatosa sem aparente etiologia definida.

Caso

Paciente do sexo feminino, K.F.C., 12 anos, branca, previamente hígida procurou atendimento do Pronto Socorro da cidade de Pelotas (PSP) dia 12.05.2019 devido à forte cefaleia em região temporal direita que iniciou após episódio de espirro. A paciente apresentava Escala de Glasgow 15 e negou perda de consciência, alteração motora ou outros sintomas como disfagia, distúrbios visuais ou tontura. Mãe nega histórico da filha de anemia, cardiopatia congênita, hipercolesterolemia ou diabetes. Nega também antecedentes cirúrgicos. Na chegada ao PSP foi realizada Tomografia Computadorizada de crânio que evidenciou hemorragia intraparenquimatosa com desvio da linha média à direita. A paciente aguardou 24 horas para realização de craniectomia descompressiva e, durante a espera, começou a apresentar desvio da comissura labial e ptose palpebral à esquerda e rebaixamento do sensório. Após a cirurgia a paciente evoluiu hemodinamicamente estável, se alimentando via oral e sem alterações neurológicas. No dia 22.05 realizou angiotomografia de crânio, a qual não evidenciou sinais de malformações e recebeu alta hospitalar com orientações de cuidado continuado em unidade ambulatorial. O anatomopatológico da cirurgia demonstrou fragmentos de astrocitoma e a imunohistoquímica foi inconclusiva. Em um primeiro momento, a suspeita era de malformação arteriovenosa devido a esta situação ser a principal causa de AVE hemorrágico em crianças, porém, a angiotomografia afastou esse diagnóstico.

Conclusões/Considerações finais

Nossa paciente evoluiu sem sequela clínica pós operatória. No entanto, devido aos resultados dos exames solicitados citados, a etiologia do AVE não pode ser determinada. Sabe-se que, apesar do melhor prognóstico dessa doença em crianças, as altas taxas de sequelas neuropsicomotoras e de recorrência justificam a necessidade de medidas preventivas primárias e de treinamento dos profissionais para reconhecimento de sinais e sintomas de maneira precoce. Dessa forma, conseguiremos melhorar os índices de morbimortalidade desta patologia.

Palavras-chave

acidente vascular encefálico, hemorragia, intraparenquimatoso, hemiparesia, sequelas, fatores de risco

Área

Clínica Médica

Autores

Valentina Emmerich Defaveri, Gabriella Ferreira Bernardi, Vitoria Jorge Cenci, Gustavo Moreira Ferle, Vinicius Guedes, Emeline Nascimento Franco