15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Abandono do tratamento ambulatorial de tabagismo: Análise clínica epidemiológica

Fundamentação/Introdução

O tabagismo é a principal causa de morte prevenível, sendo responsável por mais de sete milhões de mortes no mundo anualmente. A maioria dos estudos anteriores concentrou-se no sucesso do abandono do hábito tabágico; dessa forma, pouco se sabe sobre o abandono do tratamento em si.

Objetivos

Analisar o perfil dos pacientes em tratamento ambulatorial de controle tabágico em busca de fatores associados ao abandono do tratamento.

Delineamento e Métodos

Estudo descritivo, transversal e retrospectivo com 334 pacientes atendidos no ambulatório de controle de tabagismo de um hospital universitário de Curitiba-PR entre março de 2013 e agosto de 2018. Os dados clínicos foram obtidos dos prontuários dos pacientes e analisados pelo software estatístico R Core versão 3.4.4. Os dados epidemiológicos e clínicos foram estudados por análise multivariada.

Resultados

Dos 334 pacientes, 58,1% eram mulheres. Tinham escolaridade inferior ao ensino médio 65,6%. A média de idade para o início do tratamento foi de 55,1 anos (±10,5). Tinham mais de 20 anos/maço de carga tabágica 87,7%. A respeito do grau de motivação, 59,6% se encontravam em preparação. Já haviam tentado parar de fumar antes da primeira consulta 76,9% dos pacientes, porém, apenas 36,8% receberam algum tipo de tratamento. Abandonaram o tratamento 59,0% dos pacientes. As variáveis significativas para o abandono do tratamento após regressão logística foram: nenhuma tentativa prévia de cessar o hábito tabágico, em comparação com aqueles que tentaram pelo menos uma vez (OR=3,32); estado motivacional em pré-contemplação, em comparação com aqueles em preparação (OR=4,22); abordagem individual, quando comparado à em grupo (OR=2,02, p<0,05). Em relação ao tratamento medicamentoso, a análise direta mostrou que os pacientes que utilizaram alguma medicação (seja ela bupropiona, terapia de reposição de nicotina ou ambas) abandonaram menos o tratamento (p<0,001).

Conclusões/Considerações finais

O perfil dos pacientes do ambulatório é composto na sua maioria por mulheres de meia idade e escolaridade incompleta, com alta carga tabágica e que já tentaram parar de fumar antes da primeira consulta, sem acompanhamento médico. Os fatores que estão relacionados ao abandono do tratamento são: nenhuma tentativa prévia de cessar o tabagismo, grau de motivação em pré-contemplação, abordagem individual e não uso de terapia medicamentosa.

Palavras-chave

Tabagismo, Programa Nacional de Controle do Tabagismo, Abandono do hábito de fumar, Prevenção e Controle.

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade Federal do Paraná - Paraná - Brasil

Autores

Luiza Moschetta Zimmermann, Lucas Dalsenter Romano da Silva, Daniella Porfírio Nunes, João Adriano de Barros