15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Etiologia incomum em etilistas com rebaixamento do nível de consciência: Doença de Marchiafava–Bignami, um relato de caso.

Introdução/Fundamentos

A Doença de Marchiafava-Bignami (DMB) é caracterizada por desmielinização e necrose do corpo caloso classicamente associada a consumo crônico de álcool e desnutrição. Com apresentação clínica aguda, subaguda ou crônica e prognóstico variável.

Objetivos

Descrever um relato de caso de uma paciente com DMB.

Caso

Mulher, 37 anos, negra, natural de São Joaquim-BA e procedente de Guaíra-SP, etilista crônica com história de cirrose hepática e drogadição, encontrada em casa desacordada, sem estigmas de crise epiléptica. Admitida no Pronto Socorro da Santa Casa de Barretos-SP com rebaixamento do nível de consciência e hipoxemia. Na admissão evidenciado pressão arterial de 80x51 mmHg, frequência cardíaca 136 bpm, frequência respiratória 38 irpm e saturação periférica de O2 de 80% em ar ambiente. Ao exame neurológico, pupilas isocóricas, não fotorreagentes, Escala de Coma de Glasgow (ECG) de 8 (AO2 V2 M4). Optado por intubação orotraqueal e internação em Unidade de Terapia Intensiva. Iniciado investigação etiológica do rebaixamento do nível de consciência, sendo identificado elevação de transaminases e bilirrubinas, hipoalbuminemia e INR alargado. Eletroencefalograma com moderada desorganização difusa da atividade de base, paroxismos epileptiformes do tipo onda aguda, acometendo a região têmporo-rolândica à esquerda, compatíveis com encefalopatia moderada, sem achados característicos de encefalopatia hepática. Ressonância Magnética de Encéfalo com alteração de sinal bilateral e simétrica no esplênio do corpo caloso, representadas por tênue hipersinal nas sequências T2 e FLAIR, tênue hipossinal na sequência T1 e ausência de realce pós contraste, compatível com DMB. Foi administrado a paciente altas doses parenterais de tiamina e complexo vitamínico B. Teve como intercorrências clínicas pneumonia associado a ventilação mecânica e infecção trato urinário, com internação prolongada na unidade de terapia intensiva. Após resolução de quadro infeccioso e hemodinâmico paciente recebe alta para enfermaria, sem melhora do quadro neurológico. Recebeu alta hospitalar após 30 dias após admissão, para a instituição de longa permanência na cidade de origem, mantendo Glasgow 10 (AO4 V2 M4).

Conclusões/Considerações finais

Tida como rara, a DMB, tem como hipótese etiopatogênica a deficiência de vitaminas do complexo B. Seu diagnóstico definitivo depende das características de estudos de neuroimagem. Seu tratamento ainda é controverso e os resultados variáveis.

Palavras-chave

Síndrome de Marchiafava- Bignami; Doença de Marchiafava-Bignami

Área

Clínica Médica

Autores

Juliana Andrade Silva Pereira, Liliane Cristine Alves Thomé, Laila Genoefa Bortot, Fabiano de Melo Peixoto, Guilherme Batista Dias Guimarães, João Paulo Elias Alves