15° Congresso Brasileiro de Clínica Médica e 5° Congresso Internacional de Medicina de Urgência e Emergência

Dados do Trabalho


Título

Higroma subdural após rompimento de cisto aracnoide: estamos subestimando esse risco?

Introdução/Fundamentos

Cistos aracnoides são coleções do líquido cefalorraquidiano (LCR) nas membranas aracnoides, com LCR secretado pelas células aracnoides revestindo o cisto. Embora o mecanismo de aumento do cisto ao longo do tempo não seja bem compreendido, as teorias incluem a difusão passiva do LCR no cisto ou o aprisionamento progressivo devido ao efeito da válvula esférica. Em uma revisão retrospectiva de mais de 48.000 ressonâncias nucleares magnéticas (RNM) consecutivas em adultos, a prevalência de cisto aracnoide foi de 1,4%; destes, apenas 5% eram sintomáticos. Já o aparecimento de um higroma subdural após a ruptura de uma parede de cisto aracnoide é ainda mais raro, com poucos casos descritos na literatura - menos de 30.

Objetivos

O presente estudo tem por objetivo relatar um caso de rompimento de cisto aracnoide em um paciente adolescente, além de apresentar as imagens obtidas da lesão por diferentes métodos radiológicos.

Caso

Paciente masculino, 14 anos de idade, procura atendimento médico devido a cefaleia de forte intensidade, há 2 meses, diária e acompanhada por êmese no período pós-prandial. Refere que a dor é em queimação e inicia em região occipital com evolução para região frontal e temporal bilateralmente, com episódios principalmente pela manhã. Há 1 mês apresenta borramento visual, principalmente do lado esquerdo, diplopia e escotomas. Refere perda do equilíbrio e também despertar noturno pela dor. Nega febre, paresia nos membros, alterações na fala ou diminuição da acuidade auditiva e convulsões. Paciente em uso de Pamelor 10mg e Amato 25mg ambos 1x ao dia. Há 3 anos após realização de RNM foi descoberto um cisto aracnoide na fossa média à direita do crânio com sinal idêntico ao liquor. Paciente realizou exame oftalmológico que mostrou edema de papila bilateral. Após realização de TC foi constatado higroma subdural e cisto aracnoide em região temporal direita. Paciente foi encaminhado para neurocirurgia para tratamento cirúrgico do hematoma subdural crônico.

Conclusões/Considerações finais

Com base no relato, é visto que não podemos subestimar a possibilidade de rompimento de um cisto aracnoide e o possível aparecimento de higroma subdural. Devemos, também, fomentar o debate sobre quando podemos iniciar o tratamento desses cistos com o objetivo de evitar o rompimento e as consequências que podem surgir.

Palavras-chave

Cisto aracnoide, higroma subdural, raro, neurocirurgia, radiologia

Área

Clínica Médica

Instituições

Universidade de Caxias do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal de Santa Maria - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

Wilson Baldin Zatt, Carlos Jesus Pereira Haygert, Guilherme Maia, Rafaela Dresch Pereira, Marília Damo, Arthur Coimbra de Souza Braga