Datos del trabajo


Título

LIMITADORES PARA A CONTINUIDADE DO CUIDADO AO RECÉM-NASCIDO PRÉ-TERMO E DE BAIXO PESO EM CONTEXTO DOMICILIAR

Introdução

O período de transição do contexto da terapia intensiva neonatal ao domiciliar exige da família cuidar de forma autônoma do recém-nascido pré-termo e de baixo peso ao nascer. A alta hospitalar decorre de um planejamento dinâmico, quando todas as particularidades são criteriosamente planejadas, garantindo o adequado acompanhamento da criança e o imprescindível sentimento de segurança da família para a continuidade do cuidado no domicílio. O ponto inicial da pesquisa foi delimitado pela pergunta problematizadora: Como se dá o processo de cuidar de recém-nascido pré-termo e de baixo peso ao nascer no período de transição do hospital para o domicílio?

Objetivos

O estudo teve como objetivo compreender o cuidado materno ao recém-nascido pré-termo e de baixo peso ao nascer no processo de transição do contexto hospitalar para o domiciliar.

Método

estudo descritivo com abordagem qualitativa, guiado pelo referencial metodológico da Análise de Conteúdo. O contexto primário da pesquisa foi a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de um Hospital Universitário localizado no Estado do Maranhão/Brasil. O contexto, secundário foi o domicílio das famílias de recém-nascidos pré termos e de baixo peso egressos desse serviço e em seguimento no ambulatório de Follow up. Os dados foram coletados por entrevista aberta com 15 mães egressas desse serviço com idade entre 20 e 42 anos e média de 29,8 anos, caracterizadas como adultas segundo o ciclo vital. As entrevistas foram realizadas no domicílio da mãe do recém-nascido na primeira semana após alta hospitalar.

Resultados

pelo processo de análise foram construídas cinco categorias temáticas das quais se descreve Limitadores para a continuidade do cuidado ao recém-nascido pré-termo e de baixo peso em contexto domiciliar. As mães verbalizaram como limitadores para a continuidade do cuidado após a alta da terapia intensiva neonatal o suporte familiar insuficiente, a ausência da figura paterna, desavenças familiares representadas por conflitos conjugais pelo fraco vínculo conjugal e pela diminuição do desejo sexual, sentimentos e estressores, e por último descreveram as informações profissionais divergentes. A falta de suporte de terceiros, direciona para uma transição insalubre, pois o que as mães mais necessitam nesse período é de apoio e suporte. O cuidado ao filho no domicílio sem auxílio de terceiros ou por vínculos familiares e conjugais frágeis intensificam necessidades, comprometem o descanso materno, interfere no estado de saúde da mãe, na sua qualidade de vida, na vida sexual do casal e compromete a sua imagem, pois não dispõe de tempo para o autocuidado. A ausência da figura paterna nessa transição pode comprometer o vínculo pai-filho e sobrecarregar a mãe por não ter o pai para compartilhar os cuidados ao filho. A atitude negligente da função paterna foi revelada nas falas das mães, ficando os cuidados afetivos e, muitas vezes, econômicos, sob responsabilidade das mães. Essa condição revelou por parte dos pais uma situação de duplo abandono, o afetivo e o econômico, em uma dimensão social, afetiva e jurídica. A inserção de um novo membro na família ocasiona mudança na rotina familiar e aflora sentimentos e estressores que podem ser obstáculos na continuação do cuidado da criança após alta hospitalar e podem influenciar e inibir o cuidado na fase de transição para o domicílio. Sentimentos como medo, insegurança, desespero, choro, depressão, estresse, nervosismo, tristeza, apreensão, tensão, ansiedade, preocupação, receio, sofrimento, desconforto, maternidade comprometida, perturbações emocionais, abalo psicológico e perda do (a) filho (a), foram apontados pelas mães durante o processo de transição. Ainda como limitadores para o cuidado, as mães destacaram informações divergentes entre os profissionais. Informações diferentes e ditas por profissionais diferentes são geradoras de conflito entre mães e profissionais aumentando o limiar de insegurança e estresse materno. Adverte-se que as informações dos diferentes profissionais devem ser complementares e que ruídos nesse processo podem concorrer para ameaças à compreensão ou definição de atitudes para o cuidado materno.

Considerações Finais

as falas maternas revelaram que a transição para o cuidado domiciliar ao filho egresso da terapia intensiva neonatal, é oportunidade de desenvolvimento, mas também de crise, que se sustenta, em especial, pela necessidade de mães desenvolverem tarefas específicas e complexas que concorrem para mudanças e desorganização no sistema familiar e no ambiente doméstico. Esta condição se define como aspectos negativos para o processo de transição, possibilitando às mães vivenciarem conflitos no vínculo marital definidos pelo distanciamento conjugal e diminuição do desejo sexual. É relevante destacar que as mães enfrentam de forma diferente as diversas modificações que afloram na sua vida pessoal, física e afetiva para ajustar-se ao cuidado com o filho egresso da terapia intensiva neonatal. São condições que deverão sugerir atenção especial quando do planejamento do cuidado, exigindo dos profissionais, suporte teórico e prático para esta abordagem.

Palavras Chave

Cuidado domiciliar. Recém-nascido pré-termo. Recém-nascido de baixo peso ao nascer.

Area

Saúde da Criança

Autores

Francisca Georgina Macedo de Sousa, Lanna Gabriela Façanha Costa