Datos del trabajo


Título

O IMPACTO DO TRAUMATISMO CRANIOENCEFALICO GRAVE EM FAMILIARES CUIDADORES DE PACIENTES: ESTUDO QUALITATIVO

Introdução

O traumatismo cranioencefálico (TCE) é definido como qualquer agressão de ordem traumática que ocasione lesão anatômica ou comprometimento funcional do couro cabeludo, crânio, encéfalo e seus vasos sanguíneos. O paciente que sofre um TCE grave passa da condição de um estado de saúde previamente hígido para um estado de doença crônica, tendo experimentado durante essa mudança a fase de uma doença aguda grave. Nesse processo, muitos pacientes relatam a percepção de terem se tornado uma pessoa diferente daquela que eram previamente ao acidente. Por outro lado, o TCE grave exerce um forte impacto não só na vida de suas vítimas, mas também na vida de familiares cuidadores que participam de seu processo de recuperação. Os familiares que participam desse processo de cuidado relatam colocar suas vidas pessoais e profissionais em segundo plano, passando a ter todo o seu mundo focado exclusivamente para a atenção do seu ente querido e com isso suas vidas acabam sofrendo grandes mudanças. Muitos destacam durante esse processo sintomas de estresses e de burn out, por se sentirem sobrecarregados nessa nova função e cuidando de uma pessoa diferente àquela que conheciam anteriormente ao acidente.

Objetivos

Compreender a percepção de familiares sobre sua experiência como cuidadores de seu parente que foi vítima de (TCE) grave.

Método

Estudo foi de pesquisa qualitativa, tipo estudo de caso, por ser a abordagem mais adequada quando se busca a melhor compreensão de relações, processos e fenômenos e não a comprovação através de variáveis. Foi submetido e aprovado pelo Centro de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, via Plataforma Brasil. Após sua aprovação, os pacientes vítimas de TCE grave foram contatados por meio de telefonema, onde foram explicados os objetivos e preceitos éticos do estudo, além da concordância com a participação de seu familiar. Após aprovação, combinou-se com o entrevistado local e hora mais adequado para a realização da entrevista, sendo que a totalidade delas realizadas em suas residências. A coleta de dados foi por entrevista semiestruturada em profundidade guiada por questões norteadora, sendo as entrevistadas gravadas e posteriormente transcritas. A análise de dados foi a de conteúdo temática, onde primeiramente era realizada uma leitura flutuante das entrevistas, onde melhor se familiarizava com os relatos, posteriormente uma leitura com marcações buscando os núcleos de sentido, seguidos por codificação e categorização das entrevistas, para então encontrar os temas emergentes que permeavam essas categorias.

Resultados

Foram encontrados em nosso estudo numerosos relatos de ciclos de perdas e ganhos que surgiram entre os familiares cuidadores dos pacientes ao longo de todo o processo, desde a ocasião do acidente até suas recuperações em casa. A respeito dos ganhos, familiares reportaram uma maior valorização pela vida, gratidão à sobrevivência, fortalecimento da fé em Deus e aumento do vínculo familiar em alguns casos, com aproximação e um maior laço afetivo. Por outro lado, principalmente entre os familiares cuidadores de pacientes que tiveram mudanças comportamentais de cunho agressivo e entre aqueles que se tornaram impacientes, os familiares relataram relações conflituosas, isso por sentirem como se tivessem perdido o ente querido que tinham previamente ao acidente, o distanciamento afetivo e o despedaçamento familiar foi citado entre os entrevistados. Quanto ao o atendimento à saúde, esse foi sido considerado como muito bom pelos entrevistados, apesar deles relatarem a falta de preparo para lidar com o ambiente hospitalar e também a insegurança quanto a quem recorrer e o que fazer após a alta hospitalar, o que gerou angústia e ansiedade entre eles. Essas foram intensificadas em muitos familiares cuidadores devido ao fato deles precisarem abdicar de seus empregos e de suas vidas sociais, para assim lidarem com a nova responsabilidade ao assumirem o cuidado dos seus entes queridos. Entre os fatores que facilitaram a recuperação do paciente, os familiares destacaram seus apoios, coesão, força de vontade própria das vítimas em busca da pessoa que eram anteriormente ao acidente, com suas capacidades e rotinas, uso de recurso de jogos e atividades multiprofissionais, além de boa condição financeira, com acesso a médicos particulares, exames e planos de saúde privados. Para os familiares cuidadores, entre os maiores desafios e dificuldades enfrentados, foi citado a insegurança quanto a recuperação do paciente, a incerteza da sobrevivência e o medo com a possibilidade de sua morte. Quanto ao futuro, os relatos foram acerca de esperança; esperança na melhora e readaptação de seus entes queridos, com volta a rotina habitual, com independência e estabilidade financeira.

Considerações Finais

Em nossa pesquisa, percebe-se a importância dos familiares cuidadores na recuperação dos pacientes, visto que são eles que assumem o cuidado do paciente após a alta hospitalar frente a responsabilidade do cuidado domiciliar. Sendo assim, torna-se necessário um maior apoio a esse grupo por parte das equipes de saúde, pois eles são a garantia da continuidade do cuidado do paciente vítima de TCE grave. Os familiares cuidadores de seus entes queridos precisam de apoio para lidar com essa mudança na rotina, evitando uma sobrecarga por cuidarem de seus entes queridos.

Palavras Chave

traumatismos craniocerebrais, relações familiares, cuidadores, pesquisa qualitativa

Area

Saúde Mental

Instituciones

UFSC - Santa Catarina - Brasil

Autores

ISADORA CRIPPA ISADORA, João Vitor Knop de Souza, Marcelo Liborio Schwarzbold, Suely Grosseman