Datos del trabajo


Título

ESPERANDO UM TRANSPLANTE RENAL NA PERSPECTIVA FAMILIAR

Introdução

O suporte da família se torna essencial para as pessoas que tem diagnóstico de Doença Renal Crônica (DRC), a fim de proporcionar proteção e transmitir segurança para enfrentar o tratamento1. Assim, a doença gera implicações que afetam toda a família2 sendo necessário visualizá-la como unidade de cuidado3. O tratamento para a DRC classifica-se em três modalidades: conservador, dialítico (hemodiálise ou diálise peritoneal) e transplante4, o qual tem sido considerado a melhor medida terapêutica para a insuficiência renal das pessoas que não tem contraindicações ao procedimento5. Nesse contexto, a espera pelo transplante envolve a demanda de cuidados especiais, porém com informações pouco precisas, fato que pode proporcionar angústia e sofrimento as pessoas envolvidas no processo6. Salienta-se, portanto, o impacto que o transplante e sua possibilidade podem causar nas relações familiares, necessitando de adaptações frente os desafios que aparecem nesse processo7. A partir destas considerações, destaca-se que o reconhecimento dessas demandas, pelo enfermeiro, pode auxiliar a família na elaboração de significados e realização de ações direcionadas com sua realidade.

Objetivos

Compreender os significados atribuídos pela família ante a espera do transplante renal.

Método

: Este trabalho é parte integrante dos resultados de uma tese de doutorado intitulada: “Transplante renal como assunto de família: vivendo na incerteza e buscando prolongar a vida”, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, no ano de 2017. Foi utilizado como referencial teórico o Interacionismo Simbólico (IS)8 e como referencial metodológico a Teoria Fundamentada nos Dados (TFD)9. O estudo foi realizado com dez famílias de pessoas que realizaram transplante renal, totalizando 20 participantes (familiares e transplantados) de um município da região sul do Brasil. A coleta de dados ocorreu entre dezembro de 2014 e maio de 2015 no domicílio das famílias, por meio de observação, entrevista intensiva com a família e construção de genograma e ecomapa. A análise dos dados foi desenvolvida conforme proposta da TFD e originou sete categorias, das quais uma delas será parcialmente apresentada nos resultados deste trabalho. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética em Pesquisa sob parecer número 861.869, seguindo os princípios éticos propostos pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde.

Resultados

Sobre o encaminhamento para a lista de espera, algumas famílias informaram que receberam orientações acera da entrada, porém de forma sucinta e precisando definir rapidamente a inserção e encaminhamento para o serviço de referência. Destaca-se que as mesmas, em sua maioria, não tinham tido contato prévio com este contexto, fato que interferiu nos significados atribuídos a esta vivência devido o tempo escasso para interação entre os membros e definição de formas de ação. Ainda, as famílias passam, a partir deste instante, transitar em uma realidade desconhecida, necessitando de diversas interações sequenciais a este evento (de entrada ou não para a lista) para conseguir elaborar as ações que irão determinar a continuidade do processo. Por outro lado, outras famílias informaram que não foram comunicadas sobre a lista de espera e também não receberam orientações para a entrada do familiar na lista, fazendo com que atuassem de modo independente, buscando saber sobre o transplante para efetivar sua realização. O interesse pela busca ocorre devido interações no próprio ambiente familiar, com amigos, profissionais de saúde e até mesmo com meios de comunicação, os quais influenciam o despertar de significações para esta realidade. A busca de informações sobre o transplante pode envolver uma trajetória solitária para muitas famílias, em que os membros precisam constantemente assumir papel ativo na definição de ações e estratégias para as suas necessidades, além de precisar interagir nos mais diversos meios sociais. A espera pelo transplante envolve também o deslocamento para um serviço de referência, representando o início da trajetória de viagens para a capital do estado, a fim de aproximações com os profissionais que irão dar suporte e realizar o transplante. Assim, tal período se caracteriza por ser permeado por intensas decisões no contexto familiar, pois recebem uma quantidade considerável de informações e passam a ter percepções sobre o transplante. As famílias então assimilam a realidade, atribuem significados e definem ações a partir, principalmente, das interações estabelecidas junto aos profissionais dos serviços de Porto Alegre e outras pessoas que também enfrentam esta realidade. As percepções são as variadas, porém destacam-se as que envolvem significados negativos como o medo da morte e do órgão não chegar a tempo e as de significados positivos, como esperança e qualidade de vida.

Considerações Finais

No período de espera pelo órgão, as famílias apresentam diversas interações sociais, sendo um contexto de aproximações e significações do mundo peculiar do transplante e sua realidade. É nesse período que o assunto passa a ter maior interação na família, passando a permear sua rotina e desencadear as mais diversas formas de ação.

Referências
1 SILVA, A. S. et al. Percepções e mudanças na qualidade de vida de pacientes submetidos à hemodiálise. Revista Brasileira de Enfermagem, 2011, 64(5):839-44.

2 ANGELO, M. Ouvindo a voz da família: narrativas sobre sofrimento e espiritualidade. O Mundo da Saúde, 2010, 34(4):437-43.

3 ELSEN, I. A família: uma unidade de cuidados na saúde e na doença. In: ELSEN, I., MARCON, S.S.; SANTOS, M.R. (Org.). O viver em família e sua interface com a saúde e a doença. Maringá: Eduem; 2002.p.11-24.

4 BRASIL. Ministério da Saúde. Diretrizes clínicas para o cuidado ao paciente com Doença Renal Crônica – DRC no Sistema Único de Saúde. Brasília, 2014.

5 MANFRO, R. C; CARVALHAL, G. F. Transplante renal. Revista AMRIGS, 2003, 47(1):14-19.

6 LOPES, S.G.R.; SILVA, D.MG.V. Narrativas de mulheres em hemodiálise: à espera do transplante renal. Texto contexto – enferm, 2014, 23(3):680-687.

7 ANTON, M. C.; PICCININI, C. A. Aspectos psicossociais associados a diferentes fases do transplante hepático pediátrico. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2010, 26(3):455-464.

8 CHARMAZ, K. A construção da teoria fundamentada: guia prático para análise qualitativa. Porto Alegre: Artmed, 2009.

9 CHARON, J. M. Simbolic interactionism. 3. ed. Englewood Cliffs: Prentice-Hall, 2004.

Palavras Chave

Enfermagem; Transplante Renal; Insuficiência Renal Crônica.

Area

Doenças crônicas/condições crônicas

Autores

Raquel Pötter Garcia, Eda Schwartz